Processos de Trabalho em CME: Aprendendo com os Especialistas – Philippe Nicolaï (França)

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A anfitriã Ana Miranda faz a abertura da palestra de Philippe Nicolaï

O palestrante Philippe Nicolaï, Diretor Brasil dos Laboratórios Anios, abordou um tema bastante polêmico para as CMEs: a corrosão!

O Philippe iniciou sua apresentação nos contando a história secular do laboratório Anios e a abrangência da empresa a nível internacional, estão presentes em mais de 85 países. Uma trajetória focada na sustentabilidade e nos preceitos de confiança. Essa empresa possui certificações de reconhecimento internacional como ISO9001, ISO14001 e OSHAS 18001.

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O palestrante Philippe Nicolaï (França) durante sua apresentação

Destaco a certificação OSHAS 18001 que está baseada nos riscos que a(s) atividade(s) de uma organização podem trazer à saúde dos colaboradores, assim, a implementação do Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional deverá contemplar todas as suas atividades.

Temos muito que caminhar em nosso país na implementação desse tipo de certificação, pois acredito que sem qualquer dúvida o patrimônio humano é a base fundamental de qualquer sociedade responsável.

O palestrante destacou ainda o posicionamento eco-responsável nas atividades desenvolvidas na empresa como parte da filosofia adotada pelos laboratórios Anios.

Deu sequência na apresentação explicando que a teoria da corrosão necessita de condições básicas como:  anodo e catodo em corrente contínua. Na condição anódica tem-se a oxidação e na catódica ocorre a redução (H2).

Qualquer metal na natureza   se oxida e tem um potencial elétrico que pode ser medido individualmente. Conforme cada potencial, o metal se oxida mais ou menos rapidamente. A diferença de potencial   elétrico entre 2 metais pode gerar a corrosão. (corrosão por pilhas)

Philippe Nicolaï ilustrou sua afirmação mostrando um gráfico de sensibilidade à oxidação.

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Continuou sua apresentação abordando o fenômeno da passivação, destacando a importância da adição do elemento Cromo (Cr), em percentual não inferior a 12%. Desta forma tem-se:

Cr oxidação óxido de Cr resistente e a formação de uma barreira de proteção. O percentual de Cr confere mais resistência à corrosão ao instrumento cirúrgico.

É interessante certificar-se da composição da liga metálica de fabricação do instrumental de aço inoxidável quanto ao percentual de Cromo (Cr). Considera-se que um aço inoxidável deve conter no mínimo 12% em massa de (Cr) e menos de 2% de (C).

Dando sequência o palestrante caracterizou os tipos de aço inoxidável comumente empregados nos instrumentos de uso hospitalar como, tesouras, alicates (aço inox martensíticos), que contém na composição 13% de Cromo (Cr) e valores inferiores a 0,08% de Carbono (C).

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aço inoxidável comumente empregados nos instrumentos de uso hospitalar | Foto: Pedro Campos/Kakto Fotografia

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aço inoxidável comumente empregados nos instrumentos de uso hospitalar | Foto: Pedro Campos/Kakto Fotografia

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aço inoxidável comumente empregados nos instrumentos de uso hospitalar | Foto: Pedro Campos/Kakto Fotografia

Esses aços inox são de alta resistência mecânica. Um outro tipo de aço inoxidável é o aço inox austenítico, indicado para fabricação de cúpulas, cubas, etc, em função da sua capacidade de ductibilidade e estes apresentam na composição 17% a 18% de Cromo (Cr) e traços de Carbono (C).

Após a classificação e indicação de uso dos aços inoxidáveis, o palestrante avançou chegando aos requisitos de corrosão. Iniciou abordando corrosão por pites que é específica do aço inox, invisível a olho nu (menor que 1 milimicra). Este tipo de corrosão gera gastos e ainda pode contribuir para o encistamento do microorganismo.

Encistamento dá-se quando o microorganismo se transforma em um cisto em função das condições ambientais desfavoráveis. Nesta apresentação o microorganismo está protegido podendo disseminar a espécie. Cabe lembrar que o encistamento favorece a formação de biofilme.

Além disso a corrosão por pites pode desencadear a corrosão cavernosa que é irreversível. Nesta situação ocorre a perda total do instrumento cirúrgico, sem dúvida isso irá impactar na qualidade do serviço da CME e na segurança do paciente.

E como avaliar se o fenômeno da corrosão está ocorrendo em determinado instrumento cirúrgico?

Pode-se utilizar um método desenvolvido pelo Laboratório Anios tendo em vista que a norma AFNOR NF S 94402-1 é pouco sensível, depende da observação visual e realiza uma avaliação da corrosão generalizada.

A alternativa é recorrer a um método eletroquímico específico da corrosão por pites, por ser mais sensível, reprodutível e a interpretação não é subjetiva e sim matemática.

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Philippe também abordou que existe a possibilidade de controlar a corrosão através do desenvolvimento de um produto (saneante) fracamente corrosivo; ou seja desde o projeto do produto existe a preocupação de controlar o potencial de corrosão. O usuário pode avaliar a curva eletroquímica de um produto saneante para avaliar o nível de corrosão do mesmo.

A origem do caráter corrosivo do descontaminante (saneante) pode ser medida pela sua respectiva curva eletroquímica e pela avaliação da composição deste saneante. Por exemplo, se o descontaminante (saneante) apresentar os componentes de terço de solvente, detergente, aditivo de detergência, agente quelante, corante e princípio ativo antimicrobiano, analisa-se individualmente a curva de cada componente em aparelho específico e a leitura da respectiva curva indicará o potencial de perfuração (“pite”) de cada componente. Veja este gráfico do slide n.39, onde a curva eletroquímica demonstra que o tensoativo (solvente) não ocasiona corrosão.

As várias soluções (glutaraldeído 2%), detergente líquido para instrumento cirúrgico, descontaminantes (saneantes) são influenciados de modo diferente na corrosão por pites.

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O caso do descontaminante (ácido peracético) e do NACL, observa-se que a curva eletrolítica é não corrosiva para o Anioxyde 1000 e o cloro ,muito corrosivo, veja o zero, o pite de perfuração é negativo e demora muito para repassivar.

Outro aspecto interessante abordado pelo palestrante foi com relação aos diferentes estados de superfície por exemplo dos instrumentos cirúrgicos (polido brilhante) e o (polido schoth) slide n.50  quanto a resistência à corrosão  por pites. A qualidade do estado da superfície do aço inoxidável interfere no pite de perfuração. Um polido scotch é menos resistente que um polido brihante. Esse slide nos ajuda a perceber que às vezes a opção por instrumental cirúrgico com acabamento fosco (polido scoth)  não necessariamente é  a melhor opção em termos de prevenção de corrosão por pites.

Philippe Nicolaï concluiu a sua apresentação considerando que a corrosão é um fenômeno interdependente, que pode estar relacionado a qualidade do aço inoxidável, estado da superfície de acabamento, qualidade do eletrólito mais importante na composição, qualidade da detergência (tensoativo), secagem inadequada, tempo de contato de imersão, mistura de instrumentos entre outros.

Cabe destacar que os instrumentos cirúrgicos com manchas, sinais de oxidação, e corrosão utilizados para demonstração foram imersos  apenas em água por 24horas, com a finalidade exclusiva para demonstração.

Mais uma vez chamo a atenção para a condição básica para desencadeamento da corrosão (diferencial elétrico em meio propício), e percebam o efeito causado nas 24horas de contato. Se considerarmos as repetidas exposições ao longo dos  processamentos fica evidente a dano que tal prática pode ocasionar ao instrumento cirúrgico e as repercussões para o desenvolvimento de procedimento cirúrgico seguro associado aos custos financeiros para a instituição de saúde.

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A anfitriã Teresinha Neide no encerramento da palestra de Philippe Nicolaï

 

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O palestrante Philippe Nicolaï junto às anfitriãs Ana Miranda e Teresinha Neide, com Rosa Aires Borba Messiano, da Anvisa e Maria Cristina Garcia, da 3 ALBE

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