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Médicos residentes entram em greve no Hospital São Paulo

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 Os médicos residentes do Hospital São Paulo, unidade ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), entraram em greve  para reivindicar melhoria nas condições de trabalho.

Com isso, o atendimento nos ambulatórios foi suspenso, e apenas casos de emergência serão atendidos.

Na última quinta-feira (18), o conselho gestor do hospital decidiu suspender os atendimentos para cirurgias não emergenciais e tratamentos especializados, em função da superlotação e da crise financeira.

A unidade informou que há demanda excessiva de pacientes no Serviço de Urgência e Emergência, por causa da desestruturação de outras unidades de atendimento de saúde públicas, seja por falta de médicos ou por falta de recursos.

Um dia depois da suspensão das cirurgias eletivas, a Secretaria Estadual e Saúde anunciou o repasse emergencial de R$ 3 milhões para socorrer a unidade.

O Ministério da Educação, por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), também repassou recursos para o hospital, a fim de permitir que as cirurgias fossem retomadas.

Segundo o médico residente Klaus Nunes Ficher, presidente da Associação dos Médicos Residentes da Escola Paulista de Medicina, as condições de trabalho são insalubres, e não permitem o exercício digno da profissão.

Além disso, são antiéticas, uma vez que “não se consegue dar à população o atendimento com qualidade”.

Ele disse que, no mês passado, os médicos ficaram sem tomógrafo, porque não havia dinheiro para pagar a manutenção. “Também faltam antibióticos, o que dificulta o tratamento de pacientes graves, do Pronto Socorro e da terapia intensiva”, afirmou.

Ficher destacou que, com a greve, cerca de 4 mil consultas ambulatoriais deixarão de ser feitas.

“O pronto socorro vai funcionar com apenas 30% da sua capacidade. Atualmente 1,1 mil médicos residentes trabalham no local. Os pacientes que realmente precisam, ou apresentam algum risco, serão atendidos. O que define uma urgência ou emergência é um protocolo internacional, que estabelece que uma triagem deve ser feita pela enfermagem, com base no exame físico e na história do paciente”.

De acordo com o médico residente, a categoria está em constante negociação com a diretoria do hospital.

“Boa parte de nossa pauta depende de fatores externos à universidade. A Unifesp sofreu um corte no orçamento de 40% do repasse do governo federal, o que impactou diretamente no atendimento do Hospital São Paulo”.

A dona de casa Maria da Conceição Caetana Barros, de 59 anos, é paciente da unidade, onde fez cinco operações, devido a uma trombose.

Ficou fora do estado de São Paulo por um período e agora, ao retornar, teve indicação de outro hospital para retomar o tratamento.

“Eu trouxe uma carta, e nem com isso fui atendida. Vim da zona leste. É muito difícil, não só para mim, mas para a população toda. O tratamento que fiz aqui foi de bom para ótimo, mas agora não estou conseguindo ser atendida”.

Maria José de Oliveira, aposentada de 55 anos, não sabia sobre a greve, e teve uma surpresa ao chegar ao hospital. Ela precisava fazer um exame para levar ao médico, em uma consulta marcada para amanhã.

“Eu não apoio essa greve, porque vai acabar morrendo muita gente que precisa de atendimento. É muito difícil. Eu tive o diagnóstico de hepatite C e estou fazendo os exames para começar o tratamento”, disse.

Por meio de nota, a direção do HSP/HU/Unifesp informou ter recebido as reivindicações e trabalha para que sejam atendidas. “Estamos nos esforçando para manter o atendimento à população. Se houver necessidade, o hospital reforçará a equipe médica”, diz a nota.

Segundo a direção, a instituição tem dialogado com todas as categorias, e está em constante negociação com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e o Ministério da Educação sobre o repasse da verba destinada ao Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), além de contactar a Secretaria de Saúde do Estado e do Município.

Fonte: Exame

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