Colcha de Retalhos: história de vida e imaginário na formação

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Colcha de Retalhos: história de vida e imaginário na formação

 

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A atividade da Colcha de Retalhos foi apresentada para um grupo de pesquisadores de diferentes linhas de pesquisa, do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação, da Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal de Santa Maria, promovido pelo Grupo de Pesquisa do Imaginário, Educação e Memória (Gepeim) coordenado por Lúcia Maria Vaz Peres (UFPel). A proposta foi fazer um workshop que tratasse da pesquisa e de suas relações com a educação estética na formação humana de professores. A dinâmica do workshop, de algum modo, pode se refletir no conteúdo deste texto. Na atividade, cada pesquisador apresentou a sua história tecida em retalhos e depois foi tecida a Colcha de Retalhos com nuances da sua narrativa imaginária. A abordagem do tema aqui objetivado foi proposta pelas próprias coordenadoras dos dois grupos participantes: o Gepiem e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social (Gepeis), este coordenado por Valeska Fortes de Oliveira (UFSM). Esta abordagem teve o intuito de tematizar reflexões sobre a pesquisa na formação de professores no campo dos estudos e produções do imaginário, em consonância com os estudos dos dois grupos citados.

A interlocução com o Gepiem aconteceu, em 2004, no lançamento do livro Imaginário entre-saberes do arcaico e do cotidiano, organizado por Lúcia Maria Vaz Peres. A partir desse evento nossos diálogos se estreitaram; o livro aproximou-me do imaginário pelos temas tão próximos da realidade dos alunos de Pedagogia, e particularmente, provocou-me sensivelmente à reflexão com As xícaras amarelas, de Valeska Fortes de Oliveira, As tecnologias do Imaginário, de Machado da Silva, Imaginário e Avaliação, de Rocha, O uso de filmes na
construção de escolas de vida, de Leivas, entre outros textos, saboreados como a maçã da capa para alimentar o trabalho de formação na relação imaginário, cultura e educação, um lugar de entre-saberes, preconizado por Gilbert Durand, na qual os saberes do Homo sapiens são compreendidos como potência instauradora de sentidos na formação do homem simbólico.
Nesse sentido, o pensar humano, antes de ser racional, é simbólico feito na rede de imagens. Conforme Peres (2004, p.10) tecemos uma rede de imagens fomentadoras de nossas representações e vivências acadêmicas. […] E é dessa configuração que decorre o nosso poder de recriar o mundo diuturnamente, pois o imaginário é, consequentemente, fundamental nas criações do pensar
humano. A história tecida em retalhos é um convite para adentrar no mundo do imaginário, habitar o mundo das incertezas, a epifania de um mistério, a coisa fora do ato da percepção. A palavra fora significa que não se sabe explicar a Colcha de Retalhos: história de vida e imaginário na formação razão de porquê um gesto pode ser mais significativo do que um discurso feito de muitas palavras. Dessa forma, tecendo a história em retalhos não se sabe o alcance de como essa experiência pedagógica reverbera em cada pessoa, pois a expressão “fora da percepção assinala a não-pertinência do elemento de uma classe”. Isso significa que o ato de participar da experiência da Colcha de Retalhos pode ser percebido como um ato que não faz parte da formação humana do professor e do pesquisador.
Kolakowski diz ainda: “Então, é necessário perguntar de que classe se trata a classe dos chamados atos experienciais”? Este é o objeto da antropologia filosófica: compreender aquilo que não se explica. Significa compreender o mito, uma narrativa que fala sobre “poderes
divinos” com forças da psique com o humano, que opera com uma força que aparece na estrutura de uma cultura. São como construções presentes em nossa vida intelectual explícita ou implicitamente; a vida particular, irrigada por fantasias e fantasmas, que todos sabem que não existem, e no entanto, são reais, têm influência nas escolhas e tomadas de decisões que atuam sobre a experiência da formação de professores e pesquisadores. A experiência da Colcha de Retalhos, um mito-hermenêutica da história de vida, na perspectiva de Ferreira-Santos (2004) e Ortiz-Osés (2003), é a idéia constituinte que orienta o imaginário neste dossiê. É o mito como uma imagem de anúncio de uma estrutura humanizante, na contramão de uma “educação bancária”, que abandona as imagens e os conceitos, que descomprometida com a realidade concreta, desumaniza os sujeitos que dela participam, banalizando a compreensão da complexidade da formação humana.
O legado de Paulo Freire nos inspira na compreensão da humanização do ser humano como processo de conscientização de ser histórico e inacabado, para aprendermos a pensar a partir do vivido: retomando a trajetória pessoal e
profissional para ampliar o alcance da educação estética aos educadores no desenvolvimento da criatividade como prática da arte.
Pensando a criatividade em uma sociedade do espetáculo, do ser light, a ordem é ser vip ou ser celebridade a qualquer custo. No contexto do ser fashion, a moral é extinta, ser ético é chic. A beleza está na superficialidade das coisas e pessoas, na estrutura estressante e alienada das instituições, que justifica a relevância do trabalho da Colcha de Retalhos na formação estética do
professor. Durante a reflexão com o grupo sobre a dinâmica a ser vivenciada na história tecida em retalhos foi discutida a ego história, através dos estudos, de vários autores, Nora, Le Goff, Duby e outros sobre a importância de “tomar” a consciência da ligação pessoal que o pesquisador mantém com seu trabalho de pesquisa.

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