Em maio de 2015, a Organização Mundial da Saúde relatou a primeira transmissão local do vírus da Zika no Hemisfério Ocidental, com casos adquiridos localmente identificados no Brasil. Em 15 de janeiro de 2016, a transmissão local já havia sido identificada em pelo menos 14 países ou territórios nas Américas, incluindo Porto Rico, onde a transmissão provavelmente continuará a se alastrar a outros países da região.
A transmissão local do vírus da Zika não foi documentada nos Estados Unidos, no entanto, infecções foram relatadas em viajantes que retornaram aos Estados Unidos. Com os recentes surtos nas Américas, o número de casos de Zika entre viajantes que visitam ou retornam aos Estados Unidos provavelmente vai aumentar. Esses casos importados podem resultar na disseminação local do vírus em algumas áreas do território dos Estados Unidos, através de humanos já infectados que podem ser picados por mosquitos, e que por sua vez infectaram outros humanos.
A infecção pelo vírus da Zika deve ser considerada em pacientes com início agudo de febre, exantema maculopapular, artralgia ou conjuntivite, que viajaram para áreas com transmissão em curso nas duas semanas anteriores ao início da doença. A doença clínica é geralmente leve. No entanto, durante o surto atual, infecções pelo vírus da Zika foram confirmadas em várias crianças com microcefalia e em perdas fetais em mulheres infectadas durante a gravidez. Nós ainda não conhecemos todas as consequências que podem estar associadas à infecção durante a gravidez, nem os fatores que podem aumentar o risco para o feto. Estudos adicionais estão previstos para saber mais sobre os riscos de infecção pelo vírus da Zika durante a gravidez.
Os profissionais de saúde são encorajados a notificar seu departamento de saúde local sobre casos suspeitos de Zika, para facilitar o diagnóstico e diminuir o risco de transmissão local. Departamentos estaduais de saúde deverão relatar os casos confirmados em laboratório ao CDC. O CDC está trabalhando com os estados para expandir a capacidade dos testes de laboratório para Zika, utilizando protocolos de RT-PCR existentes.
Este alerta de Saúde do CDC inclui informações e recomendações sobre a doença clínica viral do Zika, seu diagnóstico e prevenção, e fornece orientação sobre viagens para gestantes e mulheres que estejam tentando engravidar. Até que se saiba mais, e por questão de prevenção, grávidas devem considerar adiar viagens para qualquer área onde a transmissão do Zika esteja em curso. Gestantes que viajarem para essas áreas deverão conversar com seus médicos ou outros profissionais de saúde antes, e seguir rigorosamente medidas para evitar picadas de mosquitos durante a viagem. Mulheres tentando engravidar devem consultar seus médicos antes de viajar para estas áreas, e seguir rigorosamente medidas para evitar picadas de mosquitos durante a viagem.
O vírus da Zika é um flavivírus transmitido por mosquitos, principalmente pelo Aedes Aegypti. Mosquitos Aedes Albopictus também podem transmitir o vírus. Surtos de Zika foram relatados anteriormente na África, Ásia e ilhas do Pacífico.
Cerca de uma em cada cinco pessoas infectadas com o vírus da Zika são sintomáticas. Características clínicas incluem início agudo de febre, exantema maculopapular, artralgia ou conjuntivite. A doença é geralmente amena, com sintomas que duram de alguns dias a uma semana. Casos mais severos da doença que requeiram hospitalização são incomuns, assim como o risco de letalidade é baixo. Durante o surto atual no Brasil, o RNA do vírus da Zika foi identificado nos tecidos de várias crianças com microcefalia, e em perdas fetais de mulheres infectadas durante a gravidez. O Ministério da Saúde do Brasil tem relatado um aumento acentuado no número de bebês nascidos com microcefalia, no entanto, não se sabe quantos dos casos de microcefalia estão associados à infecção pelo vírus da Zica e quais fatores aumentam o risco para o feto. A síndrome de Guillain-Barré também tem sido relatada em pacientes após suspeita de infecção pelo vírus da Zika.
A infecção pelo vírus da Zika deve ser considerada em pacientes com início agudo de febre, exantema maculopapular, artralgia ou conjuntivite que voltaram recentemente de áreas afetadas. Para confirmar a infecção pelo Zika, a RT-PCR deve ser realizada em amostras de soro colhidas durante a primeira semana de doença. Testes de imunoglobulina M e anticorpos neutralizantes devem ser realizados em espécimes coletados a partir de 4 dias após o início da doença. Ensaios para anticorpos IgM do Zica Vírus podem ser positivos devido a anticorpos contra flavivírus semelhantes (por exemplo: dengue e febre amarela). Testes de neutralização específica de vírus fornecem mais especificidade, mas podem não discriminar entre anticorpos de reação cruzada em pessoas que tenham sido previamente infectadas com/ou vacinadas contra um flavivírus semelhante.
Não existe um teste comercialmente disponível para o vírus da Zika. Os testes são realizados no Laboratório de Diagnóstico de Arbovírus do CDC e em alguns departamentos de saúde estaduais. O CDC está trabalhando para expandir os testes de diagnóstico laboratorial nos estados, usando protocolos de RT-PCR existentes. Os profissionais de saúde devem contatar o departamento de saúde estadual ou local para realizar os testes.
Não existe tratamento antiviral específico disponível para a doença do vírus da Zika. O tratamento é geralmente de suporte e pode incluir repouso, ingestão de líquidos e uso de analgésicos e antipiréticos. Por conta da distribuição geográfica semelhante e sintomas, os pacientes com suspeita de infecções por vírus da Zika também devem ser avaliados e administrados para uma possível dengue ou infecção pelo vírus chikungunya. Aspirina e outros medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs) devem ser evitados até que a dengue seja descartada para reduzir o risco de hemorragia. Gentantes, em especial, que tiverem febre, devem ser tratadas com paracetamol. Pessoas infectadas com Zika, Chikungunya ou vírus da dengue, devem ser protegidas posteriormente da exposição ao mosquito durante os primeiros dias da doença, para reduzir o risco de transmissão local.
Nenhuma vacina ou medicamento preventivo está disponível. A melhor maneira de prevenir a infecção pelo vírus da Zika é:
- Evitar picadas de mosquito.
- Usar ar condicionado ou janelas e portas protegidas por tela quando em ambientes internos.
- Usar mangas compridas e calças, e usar repelentes de insetos quando ao ar livre. A maioria dos repelentes, incluindo DEET, pode ser usada em crianças com mais de dois meses. Gestantes e lactantes podem usar todos os repelentes de insetos registrados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), incluindo DEET, de acordo com o rótulo do produto.
Recomendações para profissionais de saúde e profissionais de saúde pública:
- Infecção pelo vírus da Zika deve ser considerada em pacientes com febre aguda, erupção cutânea, artralgia ou conjuntivite, que viajaram para áreas com transmissão em curso nas duas semanas anteriores ao início da doença.
- Todos os viajantes devem tomar medidas para evitar picadas de mosquito a fim de prevenir a infecção pelo vírus da Zika e outras doenças transmitidas por mosquitos.
- Até que se saiba mais, e por questão de cautela, gestantes devem considerar adiar viagens para qualquer área onde a transmissão do vírus da Zika esteja em curso. Gestantes que se deslocarem a uma destas áreas devem conversar com seus médicos ou outros profissionais de saúde antes, e seguir rigorosamente medidas para evitar picadas de mosquitos durante a viagem. Mulheres que estejam tentando engravidar devem consultar seus médicos antes de viajar para estas áreas, e seguir rigorosamente medidas para evitar picadas de mosquitos durante a viagem.
- Fetos e recém-nascidos de mulheres infectadas com o vírus da Zika durante a gravidez devem ser avaliados para possíveis infecções congênitas e anormalidades neurológicas.
- Profissionais de saúde são encorajados a notificar seu departamento de saúde estadual ou local sobre casos de suspeitas de doenças pelo vírus da Zika, para facilitar o diagnóstico e reduzir o risco de transmissão local.
- Departamentos de saúde devem vigiar casos de doença pelo vírus da Zika em viajantes que estejam retornando, e estar cientes do risco de possível transmissão local em áreas onde mosquitos da espécie Aedes estão ativos.
- Departamentos estaduais de saúde deverão relatar infecções por vírus da Zika confirmados em laboratório ao CDC.
Fonte: CDC