Em 2015 o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) teve a iniciativa de realizar um estudo para traçar o perfil da enfermagem no Brasil. O presente estudo foi conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os dados do estudo podem ser conhecidos na íntegra via site oficial do Cofen.
O resultado do estudo apresenta números interessantes. A categoria composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem perfazem um total de 1,6 milhões de profissionais. Considerando dados do mercado, percebe-se que a categoria de enfermagem é a segunda força de trabalho nacional, sendo superada apenas pela categoria de metalúrgicos.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a área da saúde totaliza 3,5 milhões de profissionais. Pode-se depreender através deste dado que 50% dos profissionais da saúde pertencem a categoria da ENFERMAGEM.
E porquê neste momento trazer à tona a questão da representatividade da categoria de enfermagem?
Aqui em São Paulo (SP) um grupo de profissionais representantes de diferentes categorias, incluindo o setor regulado, tem se reunido sob a coordenação do Núcleo de Assessoria, Capacitação e Especialização em Central de Material e Esterilização – CME (NasceCME) para em conjunto discutir o proposto nas Consultas Públicas (CP) n°584, n°585 e n°586, publicadas pela Anvisa em 20 de dezembro de 2018. O trabalho do grupo objetiva contribuir no encaminhamento de sugestões as propostas de resolução com vistas a melhoria da assistência prestada ao paciente.
A participação de enfermeiros poderia ser mais expressiva nessas discussões, propiciando a troca de experiência mais rica e abrangente. Poderia. Mas, não foi!
Sabe-se que o contido nestas CPs diz respeito a um segmento específico da área da saúde que presta assistência ao paciente. Neste sentido, espera-se que os profissionais que atuam neste segmento específico participem ativamente das discussões, pois detém o conhecimento necessário para propor alternativas embasados no conhecimento técnico científico da sua área de atuação.
O grupo de São Paulo já dispendeu mais de 40 horas de trabalho com discussões bastante interativas com participação expressiva de enfermeiros, engenheiros, médicos, farmacêuticos, administradores, gerentes, entre outros, oriundos de cidades do interior e de outros estados do Brasil.
Chama-nos a atenção a solicitação recorrente de colegas enfermeiros para que o NasceCME realize essas reuniões a nível regional e itinerante. Infelizmente, diante do exíguo espaço de tempo para envio das sugestões, do processo moroso de leitura do texto e ainda em função das limitações de traslado e logística, foi impossível atender tais solicitações.
Se de um lado sentimo-nos prestigiados e valorizados frente a essas solicitações, por outro lado cabe-nos inferir que há uma certa falta de liderança local ou até mesmo pouco envolvimento por parte dos enfermeiros no sentido de perceber o momento atual, a relevância do seu papel como responsável pelo processamento do dispositivo médico e as repercussões sociais decorrentes da qualidade deste processamento.
Esta situação “percebida” pelo NasceCME, pode ser um indício de que algo está acontecendo com a categoria de enfermeiros que atuam nos serviços de processamento do dispositivo médico. Ou será que esta postura é apenas reflexo da categoria de enfermeiros como um todo?
A publicação obtida no site oficial do Cofen, sobre a situação na Argentina, talvez ressoe em nossos ouvidos como um sinal de alerta.
Observa-se ainda com relação a discussão das CPs iniciativas ao apagar das luzes para a posteriori de chamamentos anteriores.
Claro que toda iniciativa é bem-vinda, mas certamente a congruência destas iniciativas no tempo devido trariam resultados mais produtivos, com contribuições mais efetivas a medida que um maior número de especialistas estariam reunidos para entendimento do texto e troca de conhecimentos e sugestões robustas, visando a subsidiar a publicação da resolução que vá ao encontro das reais necessidades dos usuários dos serviços de saúde. O momento requer união!
Talvez haja necessidade de investigação e de reflexão por parte de todos os envolvidos nas questões que envolvem as CPs. Mas, talvez, existam outras questões subliminares que extrapolam essa discussão e que interessam não só aos que atuam na área acadêmica com pesquisas, mas em especial ao enfermeiro que está na prática.
Por isso, justifica-se a indagação: CADÊ VOCÊ?