Stéfanni Cerboncini Reina
RELATO DE CASO
Durante o período em que estava na universidade, sempre tive certeza que seguiria a área assistencial. Sempre me inscrevia para os estágios em áreas que demandavam muita prática, na esperança de adquirir experiência. Era a primeira a me candidatar para coletar sangue, realizar punção venosa e procedimentos como sondagens e curativos. Inclusive, fui diretora acadêmica da liga de queimaduras e feridas do HCFMUSP por três anos. Escrevi trabalho de conclusão de curso nesta área e fiz o segundo maior e mais importante estágio da graduação na unidade e UTI de Queimados do HCFMUSP.Eu prometia ser uma grande enfermeira assistencial! No entanto, a vida nos leva a caminhos curiosos… Era época de escolha do maior e mais importante estágio da faculdade – área onde ficaríamos por quase 5 meses! A sala de aula estava em polvorosa para a escolha dos campos de estágio. Mas tanto eu, quanto 80% da sala, já tínhamos na cabeça 2 opções possíveis – UTI (qualquer uma, contanto que fosse UTI) ou PSE o inevitável aconteceu: brigas, tumultos, choro, noites em claro e sim, sorteio das pessoas que não abririam mão de suas opções – eu e mais 14 pessoas ( a esta altura, muitos já tinham desistido e escolhido outras áreas menos concorridas). Nós brigávamos por 8 vagas entre PS e UTI e, quem não conseguisse, ia ter que se contentar com as áreas rejeitadas – como sempre – CME, CC, UBS.
Fui a 9° pessoa sorteada e tive que escolher entre as opções rejeitadas. Um pouco contrariada, acabei escolhendo CME. Meus colegas vieram me animar um pouco com frases do tipo: – Nossa coitada!Ou: – Olha, passa rápido viu? Mas, ao contrário do que imaginava, não fiquei tão triste assim, afinal sempre fui uma pessoa flexível e imaginava que ia conhecer um lugar diferente e, quem sabe, poderia até gostar.Mas não foi muito bem isso que aconteceu, porque, na verdade, eu amei! Amei de paixão!
O tempo em que passei em estágio no HUUSP foi muito bom, logo me integrei à equipe e à rotina do setor e fui me interessando de uma maneira pouco convencional às especificidades da área, trazendo às enfermeiras dúvidas cada vez mais pertinentes e interessantes. Em pouco tempo fui bastante elogiada e, tanto as enfermeiras que estavam me supervisionando, quanto a professora que coordenou meu estágio, acertadamente, puderam perceber que eu tinha vocação para este tipo de trabalho. Quando o estágio acabou, atribuiram nota máxima a mim.Fiquei muito próxima de toda a equipe de Enfermagem e chorei bastante quando tive que partir. Até hoje sou convidada para as reuniões feitas no setor e sempre que posso, vou até lá cumprimentar a equipe, afinal, eles me ensinaram muito por lá! Assim que terminei o estágio, ainda estava nos preparativos para a apresentação do meu trabalho final, quando uma empresa, que buscava um profissional com um perfil extremamente específico para área de CME, me ligou chamando para a realização de uma entrevista, dizendo que eu tinha sido indicada pela professora que acompanhara meu estágio. Fiquei muito feliz e agradecida! Fui à entrevista e, em 05 de Dezembro de 2008, eu já estava contratada para início no primeiro dia útil de janeiro ( e olha que eu não estava nem formada ainda!).Fui contratada como Coordenadora de Treinamento de equipamentos hospitalares na área de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais. Dez dias depois, fui para Seul realizar um treinamento sobre esterilização a baixa temperatura. De lá para cá, só acabei me apaixonando sobremaneira pela área, também me inscrevi para o curso de especialização em CCIH e estou de viagem marcada à Alemanha em alguns meses, para realização de outro treinamento.
A rotina de trabalho é bem complexa, sou responsável pela realização de palestras, treinamentos internos e externos, relacionamento com o cliente, atualização e adequação dos conteúdos baseados em normas nacionais e internacionais, elaboração de manuais de qualificação das máquinas e muita, mas muita pesquisa científica!
A área de CME /CCIH é uma área ainda pouco procurada pelos alunos e profissionais, talvez pela falta de conhecimento do campo de atuação do enfermeiro – que está cada vez mais vasta – ou talvez pela própria insistência dos profissionais em áreas mais assistenciais e mais conhecidas, mas que estão cada vez mais saturadas e também, pela falta de abrangência dessas matérias na própria universidade.
Temos que ampliar nossos horizontes e dar uma chance ao desconhecido. Afinal, é cada vez maior a quantidade de empresas que buscam profissionais qualificados, num mercado muito dinâmico, com usuários cada vez mais exigentes. A verdade é que não tem segredo – você só tem que fazer o que estiver se propondo a fazer de forma responsável e com o coração!
Stéfanni Cerboncini Reina
Coordenadora de treinamento
Enfermeira – HUMAN SP