Paciência: Condição essencial para Liderar.

Nos dias atuais, tudo tem um tempo determinado para ser feito, e muitas vezes, o que nos é solicitado, é algo que requer urgência, ou como muitos dizem “para ontem”.
A paciência acaba sendo um artigo de luxo, que é pouco utilizada.
Mas o que é paciência? Podemos buscar num dicionário, e teremos a definição técnica do que seja esta palavra. Porém no dia-a-dia, sabemos que é muito mais que isso, é poder medir a nossa capacidade de  resistir, e agir por impulso em determinadas situações, e fazer algo, reagindo de forma emocional, que irá nos fazer passar por situações desagradáveis, ou mesmo colocar outro ser humano, numa situação constrangedora.
Ao analisar a conduta dos líderes, pergunto: Será que muitos têm paciência para lidar com seus funcionários? Ou agem de certa forma como a maioria, que quer tudo feito urgentemente, como se o mundo fosse acabar agora?…Acredito que a resposta seja Sim, para a maioria dos lideres.
Todos sabem que um bom líder precisa ter muitas competências, como ser humilde, criativo, carismático, inovador, mas acima de tudo, acredito que paciência é uma competência muito importante que, aliada as demais, faz parte do sucesso profissional de cada um.
O líder é aquela figura, que mostra aos demais quais caminhos seguir, para que a instituição alcance o objeto traçado, e todos fiquem satisfeitos com a meta atingida. Se este profissional não sabe como agir em determinadas situações, que requer paciência e controle emocional, ele acaba por desmotivar a sua equipe, fazendo com que todos deixem de dar o melhor de si, diminuindo a possibilidade de seu crescimento pessoal, e consequentemente o da organização.
Vivemos em uma sociedade imediatista, onde tudo tem que ser feito muito rápido, e como funcionários procuramos mostrar o nosso valor, e ser reconhecidos o mais urgente possível, nas tarefas que são designadas, por nossos empregadores, ou mesmo para quem prestamos um serviços. 
Nossos superiores nos cobram isso, pois a concorrência é grande, e se não mostrarmos no que podemos contribuir para a empresa, esta irá descartar nossos serviços, e buscar outro profissional que faça o que é solicitado.
Porém, se faz necessário dar um tempo ao funcionário, para que este se adapte as normas da organização, conheça a forma de trabalhar dos seus companheiros, e também de seus superiores, e é justamente neste momento que a paciência do líder deve ser maior, mas sem deixar que o funcionário faça “corpo mole”.
A cobrança deve existir, para que o profissional dê o melhor de si, porém deve ser feito de forma racional, calma, para manter este funcionário dentro da organização.
 
Para dar um exemplo, há pouco ouvi o relato de um profissional, que foi contratado para realizar determinados serviços, porém, com três dias de trabalho na empresa, foi cobrado de forma ríspida, por seu superior, sobre o resultado de um projeto que ele nem fazia parte, e que ainda estava tomando ciência, chegando a ouvir de seu chefe, que é o proprietário da empresa, que ele não sabia o motivo de ter contrato tal profissional.
Muitos são contratados por suas experiências, e conhecimentos, e isso é apresentado em currículo e em entrevistas que são submetidos, até serem contratados por uma instituição, mas ao ingressar numa nova empresa, todo funcionário necessita de tempo para se organizar e conhecer a organização, e assim poder começar a colocar os seus conhecimentos no dia-a-dia da mesma.
É conclusiva a evidencia de que a paciência desempenha um papel muito importante no sucesso de muita gente. O líder, é alguém que nos serve de exemplo, que pode nos acrescentar muito, em todos os aspectos, e se este profissional não sabe controlar seus impulsos, suas emoções, como podemos nos espelhar nele, e não agir da mesma forma?
Fica claro que, a paciência é algo muito importante na conduta de um líder, para poder motivar sua equipe, fazer com que todos olhem as coisas da mesma forma, e busquem sempre dar o melhor de si para a empresa, aonde todos irão com certeza crescer profissionalmente.
O cultivo da paciência nos ajuda a construir uma convivência saudável com as pessoas, seja no ambiente de trabalho, ou mesmo fora dele. Quem esbanja paciência, tem tendência a ter uma vida mais leve, e levar um sopro de esperança na direção de um mundo melhor.
Exercitando a paciência, com certeza todos, tanto o líder, como seus colaboradores, irão ter sucesso em suas carreiras.
 
 
Fonte : Hmdoctors



Lean Healthcare: Mentalidade Enxuta nos Hospitais.


Sabemos que grande parte dos esforços e recursos aplicados na saúde são desperdiçados. Não são só recursos materiais, visíveis. Muitos dos desperdícios são em processos mal feitos, movimentações desnecessárias, informações inadequadas, pessoas não capacitadas, etc.
Por isso, quanto mais aprendo sobre Lean Manufacturing ou Mentalidade Enxuta, ou também chamado Sistema Toyota de Produção, mais me convenço que esta filosofia de gestão nasceu para ser aplicada em organizações hospitalares.
Para quem ainda não conhece o Lean Manufacturing é uma filosofia de gestão focada na redução dos sete tipos de desperdícios: superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos. Eliminando esses desperdícios, a qualidade melhora e o tempo e custo de produção diminuem.
Esta filosofia já é amplamente utilizada pelas indústrias, e também tomou corpo no setor de serviços, porém somente agora começa a ser pensada com força para ser implementada em hospitais, apesar de ter algumas referências que começou a ser implantado na década de 1990.
O Lean em hospitais é a revolução, é a inovação, é a peça que está faltando para melhorar a gestão nos hospitais e pode ser amplamente complementada pela Acreditação Hospitalar.
Os pontos chave do Lean Manufacturing são:
  • Qualidade total imediata. – Ir em busca do “zero defeito”, e detecção e solução dos problemas em sua origem.
  • Minimização do desperdício. – Eliminação de todas as atividades que não têm valor agregado e redes de segurança, otimização do uso dos recursos escassos (capital, pessoas e espaço).
  • Melhoria contínua. – Redução de custos, melhoria da qualidade, aumento da produtividade e compartilhamento da informação
  • Processos “pull”. – Os produtos são retirados pelo cliente final, e não empurrados para o fim da cadeia de produção.
  • Flexibilidade. – Produzir rapidamente diferentes lotes de grande variedade de produtos, sem comprometer a eficiência devido a volumes menores de produção.
  • Construção e manutenção de uma relação a longo prazo com os fornecedores tomando acordos para compartilhar o risco, os custos e a informação.
Lean é basicamente tudo o que concerne a obtenção de materiais corretos, no local correto, na quantidade correta, minimizando o desperdício, sendo flexível e aberto a mudanças.
Dessa forma podemos dizer que os conceitos e princípios do Lean parecem que foram feitos sob medida para hospitais: determinação de valor ao cliente, análise da cadeia de valor, conscientização do que o cliente quer (saber realmente quem é o cliente), fluxo contínuo e eliminação de gargalos, fazer somente o necessário na quantidade necessária e no momento necessário, análise e eliminação dos focos do desperdícios, saber diferenciar custos necessários de desperdícios, ir até o local onde está o problema e “sentir” porque ele ocorre, não se importar com quem resolva o problema desde que ele seja resolvido, e, principalmente, a melhoria contínua em busca da perfeição.
Muitas outras coisas podem ser ditas, muitas ferramentas são utilizadas, muito treinamento e conversas devem ser feitas, mas esta filosofia de gestão é algo que falta nos hospitais, onde as mesmas coisas são feitas da mesma maneira há muito tempo e não se tem noção do porque os prejuízos se acumulam.
 
É mais fácil ficar na zona de conforto, sem fazer nada que possa fazer a diferença e colocar a culpa nos valores pagos pelo SUS e pelas Operadoras de Planos de Saúde. Mas o grande foco é mudar a cultura existente de “como se faz”.
Em resumo, esta filosofia de gestão procura sempre “fazer mais com menos”. Ou melhor, procura mudar o culturalismo dos hospitais, pois, nas organizações hospitalares temos a tendência de classificar tudo que é errado como “cultural”, quando na verdade isso não tem a ver com cultura, no sentido acadêmico da palavra.
Nesse sentido, o Lean também tem a intenção de mudar a cultura (e acabar com os culturalismos) em prol de um organização mais produtiva, sem que haja necessidade de investimentos em obras civis ou aquisição de equipamentos, contando apenas com treinamentos e repensar processos.
Algumas iniciativas de hospitais brasileiros já mostram resultados animadores a respeito de diminuição de desperdícios e melhor utilização de sua capacidade instalada com a utilização do Lean Manufacturing.
Então, mãos à obra, vamos aprender sobre o assunto, contratar consultorias especializadas, desenhar os processos atuais, discutir o que pode ser melhorado, reduzir desperdícios e tornar as organizações hospitalares sustentáveis.
 
 
Fonte: Hmdoctors



Sofrendo em silêncio: um estudo qualitativo das segundas vítimas de eventos adversos

Ullström, S ; Andreen, SM ; Hansson, J ; Ovretveit, J ; Brommels, M
Título original:
Suffering in silence: a qualitative study of second victims of adverse events
Resumo:

Introdução: O termo ‘segunda vítima’ refere-se ao profissional de saúde que apresenta um quadro de sofrimento emocional decorrente de um evento adverso. Tal condição mostra-se semelhante à do paciente, a chamada ‘primeira vítima’. O objetivo deste estudo foi investigar como profissionais de saúde são afetados por seu envolvimento em eventos adversos, com destaque para o apoio organizacional necessário, e a capacidade da organização em atender a essas demandas.

Métodos: Foram entrevistados 21 profissionais de saúde de um hospital universitário sueco que passaram por um evento adverso. Dados de entrevistas semiestruturadas foram analisados de maneira qualitativa utilizando-se o software QSR NVivo para codificação e categorização.

Resultados: Nossos achados corroboram estudos anteriores ao indicar que o sofrimento emocional, em sua maioria prolongado, sucede os  eventos adversos. Além disso, é possível apontar que o impacto desse sofrimento no profissional de saúde foi relacionado à resposta da instituição ao evento. A maior parte dos entrevistados não recebeu auxílio institucional ou, quando alegavam tê-lo recebido, este era desestruturado e não-sistematizado. Por sua vez, investigações oficiais raramente forneceram feedback adequado e oportuno aos envolvidos. A ajuda ineficaz e a falta de feedback tornam ainda mais difícil processar emocionalmente o evento e dá-lo como encerrado.

Discussão: O estudo chama a atenção para a diferença entre a necessidade de suporte apresentado pela  segunda vítima  e o auxílio prestado pela instituição. Ele também salienta a necessidade de uma maior transparência na investigação de eventos adversos. Pesquisas futuras devem questionar como estruturas avançadas de auxílio podem suprir essa demanda, bem como prover oportunidades de aprendizado para a instituição. Esses são questionamentos centrais para todos os gestores hospitalares  e formuladores de políticas que buscam não só evitar ou mesmo lidar com eventos adversos, como também fomentar uma cultura de segurança institucional.

Resumo Original:

Introdution: The term ‘second victim’ refers to the healthcare professional who experiences emotional distress following an adverse event. This distress has been shown to be similar to that of the patient-the ‘first victim’. The aim of this study was to investigate how healthcare professionals are affected by their involvement in adverse events with emphasis on the organisational support they need and how well the organisation meets those needs.

Methods: 21 healthcare professionals at a Swedish university hospital who each had experienced an adverse event were interviewed. Data from semi-structured interviews were analysed by qualitative content analysis using QSR NVivo software for coding and categorisation.

Results: Our findings confirm earlier studies showing that emotional distress, often long-lasting, follows from adverse events. In addition, we report that the impact on the healthcare professional was related to the organisation’s response to the event. Most informants lacked organisational support or they received support that was unstructured and unsystematic. Further, the formal investigation seldom provided adequate and timely feedback to those involved. The insufficient support and lack of feedback made it more difficult to emotionally process the event and reach closure.

Discussion: This article addresses the gap between the second victim’s need for organisational support and the organisational support provided. It also highlights the need for more transparency in the investigation of adverse events. Future research should address how advanced support structures can meet these needs and provide learning opportunities for the organisation. These issues are central for all hospital managers and policy makers who wish to prevent and manage adverse events and to promote a positive safety culture.

 

Fonte:
BMJ Qual Saf; 2013. DOI: 10.1136/bmjqs-2013-002035.



A Central de Material e Esterilização

 Onde estão os meus instrumentos e acessórios  esterilizados?

 

A Central de Material e Esterilização (CME),  costuma ouvir algumas perguntas  feitas por cirurgiões, enfermeiros e demais profissionais: “Onde estão os meus instrumentos?” Ou “Onde estão as minhas fontes ou acessórios?” Estas duas perguntas são geralmente realizadas  quando os pacientes já estão na sala de operação (SO) com os recursos já preparados para um procedimento cirúrgico de vital importância, quando neste momento qualquer atraso significativo pode resultar em infecção ou morte. Ocasionalmente, a resposta é “não sei”, o que agrava a situação, resultando em altos níveis de ansiedade para todas as partes envolvidas. Infelizmente para a equipe da CME, durante um dia agitado, a resposta é verdadeira, eles simplesmente não sabem. Quando os questionamentos se iniciam e persistem a equipe da CME se sente pressionada, com repercussão nas atividades desenvolvidas, e certamente neste momento gostaria que os colegas do Centro Cirúrgico soubessem que tal situação gera desgaste e até mesmo pânico a equipe como um todo.

No entanto, entendemos que substituir o  Eu não sei” por “Estamos a caminho para isto”…. poderá envolver os demais colegas do centro cirúrgico na gestão de materiais. A equipe do centro cirúrgico por vezes desconhece a dinâmica de trabalho da CME, bem como do volume de material processado por dia para atender a demanda cirúrgica e das demais unidades da instituição. Os instrumentais e acessórios devem  estar disponíveis para atender o requisitado na programação cirúrgica. A CME deve sempre trabalhar com quantidade  de material  para atendimento regular de cada dia especifico de atendimento cirúrgico. Os níveis de estoque,  pode ser configurado para atender praticamente qualquer situação; no entanto, eles devem atender também às demandas imprevisíveis

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Além disso, produtos ​​pronto uso  e conjuntos  de instrumentos esterilizados em estoque  requerem dois processos de gestão muito diferentes. Adicionar baixos níveis de estoque de um ou outro, a falta de espaço de armazenamento, ao inadequado processo de devolução de  instrumentos pós-operatório, além de itens disponibilizados em excesso.

 

ainda a  freqüente mudança na   programação cirúrgica, acaba invertendo a    a questão de onde estão os materiais,pois fica difícil de responder, mesmo com os melhores sistemas informatizados em vigor.Observa-se  nos hospitais de hoje,que  a CME  está gerenciando os instrumentos e acessórios,participando nos  processos  de compras e programação cirúrgica diária com mais efetividade que anteriormente.

Suprimentos estéreis  para pronto uso tiveram o apoio de sistemas informatizados de gestão de materiais por anos, permitindo rastreamento histórico favorecendo a capacidade de ajustar estoques e definir níveis seguros de estoque. Sistemas de gestão de  instrumentos cirúrgicos ainda estão em fase de crescimento nas instituições,e raramente  observa-se a interface com a programação cirúrgica. Em hospitais em todo os Estados Unidos e ao redor do mundo, as  CMEs não têm os sistemas básicos de informática necessários para gerenciar inventários re-utilizáveis s​​endo que estes itens são bastante dispendiosos para qualquer instituição, portanto o gerenciamento adequado do inventário traduz-se em racionalização de custos.

A falta de um sistema informatizado de gestão de instrumentos, juntamente com o excesso de instrumentação cirúrgica resulta na percepção de que a CME não tem vontade de responder às perguntas “Onde estão meus instrumentos?” Ou “Onde estão as minhas fontes e acessórios?” Na maioria dos casos, eles não têm capacidade para fazer isso, devido à falta de apoio a CME  e falta de  compreensão quanto ao processamento do instrumental.A equipe da CME parece que  deve ter uma resposta pronta para essas perguntas a qualquer momento. Os lideres, cirurgiões e equipe, juntamente com a SCIH, gestão de riscos e administradores hospitalares, precisam ser orientados e educados quanto ao  gerenciamento e  complexidade de processar milhares de instrumentos e acessórios por dia e assim ter subsídios para apoiar o maior serviço de receita para os hospitais.

Em qualquer hospital, é necessário que exista um  sistema informatizado de gestão de materiais e um sistema de agendamento de cirurgia; o ideal seria que estes sistemas estivessem integrados, mas sabe-se que poucos sistemas atendem a este requisito.

O ciclo diário dos instrumentos cirúrgicos costuma ser bastante diferente do fluxo de itens estéreis para pronto uso, principalmente no que diz respeito as  medidas de garantia de qualidade. A logística fica ainda mais complicada, pois os hospitais crescem, há aumento de  salas de operação com consequente aumento de volume de trabalho, mas nem sempre  há espaço para a expansão da produção na CME. Este aspecto certamente interfere no resultado do serviço prestado.

Os resultados são risco potencial e atrasos no cronograma ou ainda casos de infecção. Estudo de  custo operacional pode mostrar  como os atrasos são onerosos para a instituição.Estudos apontam o quanto apenas um caso de   infecção pode ser custoso.  Em termos comparativos o valor do custo com infecção supera em mais do que um sistema de gestão de instrumentos, incluindo o contrato de serviço anual e interface com o sistema de agendamento. Ter a capacidade de rastrear as atividades desenvolvidas na CME bem como os instrumentos processados são ferramentas de   garantia de qualidade do serviço de uma CME.

A CME   está sob exposição negativa maior quando instrumentos sujos são detectados como itens pós esterilização no momento da utilização.Para que situações como esta sejam evitadas admite-se que é fundamental dispor de  tempo específico para atender  as necessidades de processamento adequado, sem a subtração de qualquer etapa do processo mantendo-se um padrão igual de cuidados para os instrumentos cirúrgicos que são devidamente limpos, descontaminados, revisados,  e esterilizados, assegurando a qualidade de todo o processo.

O desenvolvimento do sistema informatizado de gestão da CME  pode  fornecer dados de rastreamento de vários aspectos das atividades do serviço,incluindo quantidade de itens processados, quantidade de itens processado por setor da CME, produtividade individual dos membros da equipe,itens reesterilizados, caixas cirúrgicas sub –utilizadas,itens danificados,freqüência de uso dos equipamentos, entre outros dados que são estabelecidos de acordo com a característica de cada CME.

 

Este texto foi adaptado do   original: Where are My Instruments and Sterile Supplies? de autoria de Tim Brooks, publicado no Infection Control Today de 12/8/2014.

Tim Brooks é o gerente do departamento de processamento estéril (SPD) da Universidade do Arizona Medical Center. Ele tem 37 anos de experiência de gestão, 27 anos de SPD e ou materiais de gestão hospitalar. Ele é bacharel em administração de empresas e certificação gerente CBSPD.

 

Comentário: É interessante observamos que algumas dificuldades enfrentadas pelos profissionais que atuam em CME em nosso país são similares as vivenciadas por colegas de outros países.O gerenciamento do instrumental cirúrgico, ativo fundamental nas instituições de assistência á saúde  é questão preocupante e a cada dia torna-se desafiadora á medida que a complexidade dos procedimentos e o avanço tecnológico torna-se realidade em nosso meio. Temos convicção que um sistema de gerenciamento é um recurso de especial importância na gestão deste serviço. Sabe-se que alguns serviços dispõem de sistema de gerenciamento informatizado que foi introduzido no serviço de CME ao redor de 1970, e outros combinam o sistema informatizado com o manual. Todo sistema de gerenciamento informatizado tem por finalidade a rastreabilidade do processo a ser estabelecido por cada serviço em função das necessidades específicas.De modo geral um sistema é capaz  de produzir dados que identificam o número de ciclos processados, uso de equipamentos específicos,programa de manutenção preventiva e reparos.Pode-se ainda obter relatórios de produtividade do serviço, dados financeiros e alguns são capazes de estabelecer interface com outros sistemas internos da instituição.

Outros aspectos a serem considerados  quanto a rastreabilidade  diz respeito ao atendimento a regulamentos técnicos e recomendações.O regulamento técnico RDC n.15 no art.25 estabelece que  no CME Classe II e na empresa processadora o processo de esterilização deve estar documentado de forma a garantir a rastreabilidade de cada lote processado.

No art.26 do mesmo regulamento temos que  o  CME e a empresa processadora devem dispor de um sistema de informação manual ou automatizado com registro do monitoramento e controle das etapas de limpeza e desinfecção ou esterilização constante nesta resolução, bem como da manutenção e monitoramento dos equipamentos.

 O parágrafo único determina que  os registros devem ser arquivados, de forma a garantir a sua rastreabilidade, em conformidade com o estabelecido em legislação específica ou, na ausência desta, por um prazo mínimo de cinco anos, para efeitos de inspeção sanitária.

 Este regulamento também estabelece no seu art. 33 que  compete ao Responsável Técnico do serviço de saúde e ao Responsável Legal da empresa processadora, no  sub itemIV

 prover meios para garantir a rastreabilidade das etapas do processamento de produtos para saúde.

A AAMI ST79 recomenda que o serviço de CME deve adotar práticas que permitam a rastreabilidade de cada dispositivo processado até o usuário.

Concluindo, percebe-se que  a adoção  de um sistema informatizado para gerenciamento da CME permite a este serviço oferecer uma gestão com   qualidade ,  avaliação  de  custos e ainda favorece a obtenção de  informações para melhoria do serviço com conseqüente  segurança ao paciente.

Enf. Ana Miranda




Passos recomendados para processamento de instrumentais

    Você já sabe…

    mas vamos  relembrar???

1 Transporte:

Os  instrumentos contaminados devem ser manuseados com cuidado para evitar a exposição utilizando EPI( Equipamento de Proteção Individual) adequado.
Os instrumentos devem ser colocados em recipiente rígido, vedado, a prova de vazamento,
no ponto de utilização para evitar lesões subcutâneas, durante o transporte para a área de processamento de instrumento. O recipiente deve apresentar o símbolo de risco biológico.

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No art.104 da RDC n.15 fica estabelecido que o transporte dos produtos para saúde a serem encaminhados para processamento nas empresas processadoras ou na CME de funcionamento centralizado deve ser feito em recipiente exclusivo para este fim, rígido, liso, com sistema de fechamento estanque, contendo a lista de produtos a serem processados e o nome do serviço solicitante.

2 Limpeza e enxágue:

A limpeza deve ser realizada o mais rápido possível, em uma área designada, usando apropriado EPI. Estudos demonstram que   a limpeza precoce remove sangue e demais resíduos biológicos e também minimiza manchas,corrosão nos instrumentos.
Certifique-se de limpar os instrumentos de acordo com as instruções do fabricante para uso prestando atenção  ao tipo de detergente e de diluição, a qualidade da água e da temperatura, tipo de escova e tamanho, entre outras. CDC  desencoraja o  processo manual de limpeza como único recurso ,recomenda o emprego do ultrassom e lavadoras específicas para material médico hospitalar.
Após a etapa de limpeza realize a inspeção dos itens quanto a funcionalidade e condições de limpeza (não é possível esterilizar um instrumento que não está completamente limpo). Se o instrumento estiver com necessidade de conserto certifique-se de segregá-lo. Além disso, avalie as condições de lubrificação do item e proceda conforme recomendação do fabricante.  O art.65 da RDC n.15 regulamenta  que os produtos para saúde passíveis de processamento, independente da sua classificação de risco, inclusive os consignados ou de propriedade do cirurgião, devem ser submetidos ao processo de limpeza, dentro do próprio CME do serviço de saúde ou na empresa processadora, antes de sua desinfecção ou esterilização.

§ único. A limpeza de produtos para saúde não críticos pode ser realizado em outras unidades do serviço de saúde desde que de acordo com Procedimento Operacional Padrão – POP definido pelo CME.

  •  os itens devem ser mantidos o mais limpo possível durante o procedimento cirúrgico.
  • a sujidade pesada deve ser removida no ponto de uso antes dos itens serem encaminhados para processamento na CME.
  •  sujidade ressecada (orgânica ou inorgânica) dificulta o processo de limpeza.

Matéria orgânica: sangue, gordura, muco, saliva, dejetos, pele cartilagem, líquor.

Matéria inorgânica: óleos em geral, vaselina, pomadas, pó de osso, cimento ósseo, pelos, cabelos, outros.

CME: não deve processar recipientes para dejetos, os mesmos devem ser processados na unidade do paciente em lavadoras específicas. AAMI  ST79  7.5.7  ISO 15883-3.

 O art.68 da RDC n.15 estabelece queo enxágue dos produtos para saúde deve ser realizado com água que atenda aos padrões de potabilidade definidos em normatização específica.

§ único. O enxágue final de produtos para saúde críticos utilizados em cirurgias de implantes ortopédicos, oftalmológicos, cirurgias cardíacas e neurológicas deve ser realizado com água purificada.

  •   os padrões de potabilidade definidos em norma específica estão contidos na Portaria nº 2914
  • os padrões de potabilidade nem sempre são adequados para o enxágue de produtos para saúde.
  • enxágue final com água purificada  significa água :(destilada, deionizada, osmose reserva).AAMI ST 79   7.5.4

 Produtos para saúde com lúmen devem ser submetidos a processamento conforme art.69  da  RDC n.15 , que estabelece que o CME Classe II e a empresa processadora devem utilizar pistola de água sob pressão para limpeza manual de produto com lúmen e ar filtrado, seco e isento de óleo para secagem. Lembre-se que a secagem imediatamente após limpeza e enxágüe é de extrema  importância ,  pois impede a  re-contaminação . A umidade residual pode causar a formação de condensado no interior da embalagem na mudança de temperatura. Como lembrete ainda considere também os padrões de  qualidade pressão do ar comprimido.

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Limpadores a vapor sob alta pressão são  uma eficaz alternativa para utilização na limpeza e secagem  manual de produtos para saúde complexos e  com lúmen.

 

3 Inspeção:

Com relação a inspeção o art.76 da RDC n.15  estabelece que a limpeza dos produtos para saúde, seja manual ou automatizada, deve ser avaliada por meio da inspeção visual, com o auxílio de lentes intensificadoras de imagem, de no mínimo oito vezes de aumento, complementada, quando indicado, por testes químicos disponíveis no mercado.

  •  NOTA: a inspeção visual por si só não é suficiente para assegurar o processo de limpeza; o usuário deve adotar métodos mais objetivos e sensíveis que a inspeção visual para mensurar os níveis de matéria orgânica e contaminação microbiana em artigos limpos. AAMI ST 79: 2012 anexo D.

 A  limpeza portanto não deve ser avaliada apenas quando indicada, por testes químicos disponíveis no mercado, mas  sim como procedimento  de rotina.

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 4 Manutenção e cuidado:

Os instrumentos que apresentem superfície de atrito  tem de ser tratados com produto lubrificante.

A lubrificação mantém a mobilidade e facilidade de operação desses itens.

A fricção entre metais provoca   abrasão  ,corrosão por atrito e rigidez do item.

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5  Embalagem:

após inspeção acondicione os itens em embalagens regularizadas pela Anvisa,ou mais modernamente em Sistema de Barreira   Estéril(SBE).este termo é especifico para embalagem de uso médico. Considere os aspectos técnicos pertinentes contidos em normas como ISO 11607(1e2),EN 868(1a5), NBR 14990.

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A embalagem estéril,  combinada com adequada condição de  armazenagem, e manuseio  permite que os instrumentos  mantenham a esterilidade até ponto de uso. Para garantia da qualidade, cada sistema de embalagem deve- se assegurar que
o pacote apresente  um indicador químico externo junto com um indicador químico interno para evidenciar a ação do agente esterilizante no momento do uso.

 

O art.78 da RDC n.15 estabelece que  as embalagens utilizadas para a esterilização de produtos para saúde devem estar regularizadas junto à Anvisa, para uso específico em esterilização.

NOTA:  Campo de algodão não é embalagem regularizada junto à Anvisa.

 

6 Esterilização:

os pacotes acondicionados devem ser colocados  no esterilizador com itens mais leves na prateleira superior e itens  mais pesados ​​na prateleira de inferior. Embalagens tipo bolsa (papel e filme plástico)   devem ser colocadas na borda, de frente para a mesma direção.   A esterilização a vapor deve ser usada sempre que possível e autoclaves estão disponíveis em  diversos modelos e dimensões. Certifique-se dos parâmetros estabelecidos para o funcionamento de cada equipamento especificamente. Além do tempo de exposição, é necessário um tempo de secagem no fim do ciclo para assegurar que todos os pacotes estão
secos após o processamento. O tempo de secagem adequado deve ser incluído nas instruções do  fabricante.O regulamento técnico atual para CME,RDC n.15 estabelece no seu art. 37 que deve ser realizada qualificação de instalação, qualificação de operação e qualificação de desempenho, para os equipamentos utilizados na limpeza automatizada e na esterilização de produtos para saúde com periodicidade mínima anual.

Lembre-se a garantia da esterilidade apenas é obtida se o usuário realizar a qualificação completa ( instalação, operacional e de desempenho)de cada equipamento.

Alguns aspectos são fundamentais no processo  de esterilização, por isso considere:

      •  o peso das caixas e pacotes:5-7kg, sendo que o peso máximo não deve ultrapassar 14-18kg.

a montagem da carga de modo a favorecer o escoamento da água.

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      • artigos esterilizados não devem ser manuseados durante o resfriamento, devendo permanecer no Rack da autoclave por no mínimo 30 min.
      • evite sobrecarregar a camâra da autoclave.

os parâmetros de esterilização  devem ser qualificados para carga específica.

 

coloque embalagem de papel e filme plástico na cesta com superfície de papel /papel e filme/filme.

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7 Armazenamento e distribuição

: após a esterilização, inspecionar todos os pacotes para avaliar a viragem do  indicador químico externo.
Não manuseie qualquer pacote que está visivelmente úmido, pois isso irá comprometer a esterilidade do conteúdo.  Os pacotes esterilizados devem ser armazenados
em  local  limpo,seco e   com controle da temperatura e umidade ambiental. Antes da distribuição inspecione pacotes estéreis e não use qualquer pacote danificado, molhado ou aberto.

O art.101 da RDC n.15  regulamenta que os produtos esterilizados devem ser armazenados em local limpo e seco, sob proteção da luza solar direta e submetidos à manipulação mínima. 

nasce10Fonte: empresa LMG

 

Além destas recomendações acrescente o que segue conforme normatiza a NBR 7256 para área de armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizados.

Filtragem de ar:filtro G3

Renovação de ar: 6m3/h/m2

Circulação de ar: 12m3/h/m2

Nível de pressão: positiva

Controle de temperatura: 21C  a 25 C

Umidade relativa: 30%  a 60%

.
8 Controle de qualidade

: garantia de esterilidade deve ser verificada  utilizando-se  três tipos de indicadores (físicos, químicos e biológicos).

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Indicadores físicos são os medidores de tempo, temperatura e pressão instalados em esterilizadores. Estas leituras devem ser registradas para cada ciclo  antes de descarregar o esterilizador. Os dados podem ser impressos ou armazenados em um sistema de registro. Os indicadores químicos devem ser utilizados no exterior e no interior de cada pacote. Para a esterilização a vapor, um integrador   classe 5  ou classe 6 pode ser usado com toda carga para maior garantia de esterilidade. O art.96 da RDC n.15 estabelece que o monitoramento do processo de esterilização deve ser realizado em cada carga em pacote teste desafio com integradores químicos (classes 5 ou 6), segundo rotina definida pelo próprio CME  ou pela empresa processadora.

O equipamento  deve ser testado diariamente usando um teste tipo Bowie-Dick. Conforme AAMIST46  7.6.2 e 7.26.4  o teste de B & D é realizado em câmara vazia para maximizar o potencial para detecção  de qualquer ar que entra por meio de uma rota de fuga ou não é removido  devido ao mau funcionamento do sistema de remoção do ar. Outras itens dentro da câmara podem arrastar um percentual de ar e  interferir na sensibilidade do teste. Este teste verifica se a remoção do ar foi  adequada.

 

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O monitoramento do processo de esterilização com Indicador biológico conforme Art.99 da RDC n.15  deve ser feito diariamente, em pacote desafio disponível comercialmente ou construído pela CME ou empresa processadora, que deve ser posicionado no ponto de maior desafio ao processo de esterilização ,definido durante os estudos térmicos na qualificação de desempenho do equipamento de esterilização.

 Observe que o regulamento não determina que o pacote desafio seja descartável, portanto você pode utilizar pacote desafio reutilizável que atenda as recomendações e guias de  orientação.

 

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Para o monitoramento do processo de esterilização de produtos para saúde implantáveis deve ser adicionado um Indicador Biológico a cada carga, conforme Art. 98 da RDC n.15. No parágrafo único deste regulamento estabeleceu-se   que a carga só deve ser liberada para utilização após leitura negativa do indicador  biológico. Guias de orientação como AAMI recomenda que cargas com implantes devem ser monitoradas por meio de um dispositivo de desafio(PCD) que contenha um indicador biológico(IB)  e  um integrador classe 5, a carga deve ser colocada em quarentena até que o resultado do IB seja conhecido. AAMI ST 79: 2010. A  mesma entidade ainda adverte que a liberação de implantes antes do resultado do indicador biológico ser conhecido é inaceitável e deve ser uma exceção e não a regra.

 

Texto elaborado por  : Ana Miranda

Apoio: empresa H. Strattner 




ANVISA publica instrução sobre o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos

Foi publicado ontem (19), no Diário Oficial da União, a Instrução Normativa n° 6, de 18 de Agosto de 2014 da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde que dispõe sobre a especificação da interface entre os detentores de registro de medicamentos e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa para a operacionalização do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM), e dá outras providências.

A Instrução volta-se para a descrição de eventos de movimentação de registro obrigatório no SNCM, dados a serem disponibilizados à ANVISA pelo detentor do registro do medicamento e eventos de comunicação entre os participantes da cadeia de medicamentos para garantir o rastreamento do medicamento no âmbito do SNCM.

A Instrução entra em vigor nesta data e para mais detalhes do seu conteúdo, confira a íntegra abaixo.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 6, DE 18 DE AGOSTO DE 2014

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos III e IV, do art. 15 da Lei n.º 9.782, de 26 de janeiro de 1999, tendo em vista o disposto no inciso VI nos §§ 1º e 3º do art. 5º do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria nº 650, de 29 de maio de2014, publicada no DOU de 02 de junho de 2014, e suas atualizações, nos incisos III do art. 2º, III e IV, do art.7º da Lei nº 9.782, de 1999, e o Programa de Melhoria do Processo de Regulamentação da Agência, instituído por meio da Portaria nº 422, de 16 de abril de 2008, bem como considerando o disposto na Lei nº 11.903, de 14 de janeiro de 2009, e na Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 54, de 10 de dezembro de 2013, em reunião realizada em 15 de agosto de 2014, resolve:

CAPÍTULO I

OBJETIVO

Art. 1º Fica estabelecida a especificação da interface entre os detentores de registro de medicamentos e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa para a operacionalização do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM).

§ 1º A especificação estabelecida por esta Instrução Normativa se aplica à descrição de:

I – eventos de movimentação de registro obrigatório no SNCM;

II – dados a serem disponibilizados à ANVISA pelo detentor do registro do medicamento; e

III – eventos de comunicação entre os participantes da cadeia de medicamentos para garantir o rastreamento do medicamento no âmbito do SNCM.

§ 2º O estabelecimento de requisitos mínimos por esta Instrução Normativa não impede o registro de dados adicionais por qualquer dos elos da cadeia de produtos farmacêuticos, respeitadas as disposições legais e regulamentares especiais eventualmente aplicáveis.

§ 3º Eventos e dados que não sejam exigidos por esta Instrução Normativa e por instruções normativas suplementares não serão objeto de comunicação obrigatória entre o detentor de registro de medicamento e a Anvisa por meio do protocolo de comunicação remota do SNCM.
§ 4º É de responsabilidade do detentor de registro o monitoramento da movimentação dos seus produtos.

CAPÍTULO II

DEFINIÇÕES

Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, são adotadas as seguintes definições:

I – elo da cadeia de produtos farmacêuticos: prestador de serviço responsável pelo fluxo e armazenamento de informações e que mantém sob sua custódia, em determinado período, medicamentos sujeitos ao Sistema Nacional de Controle de Medicamentos, em observância ao disposto na RDC nº 54/2013;

II – eventos de movimentação: eventos em que ocorre o surgimento de medicamento, a passagem de medicamento entre elos, ou a extinção de medicamento na cadeia de produtos farmacêuticos;

III – eventos de comunicação: eventos em que ocorre declaração de eventos a outros elos da cadeia.

CAPÍTULO III

TIPOS DE EVENTOS DE INTERESSE DO SISTEMA NACIONAL DE CONTROLE DE MEDICAMENTOS

Art. 3º Deverão ser registrados no SNCM pelos elos da cadeia de produtos farmacêuticos:

I – evento de embalagem de transporte:

a) agregação; e
b) verificação de conteúdo.
II – recebimento:
a) compra;
b) recebimento em transferência;
c) recebimento em doação;
d) recebimento em devolução;
e) recebimento em recolhimento; e
f) recebimento de amostra grátis.
III – entrega:
a) venda;
b) entrega em transferência;
c) entrega em doação;
d) entrega em devolução;
e) entrega em recolhimento; e
f) entrega de amostra grátis.
IV – produção;
V – importação;
VI – finalização:
a) dispensação;
b) baixa;
c) extravio;
d) perda; e
e) descarte.
VII – recuperação;
VIII – retificação:

a) declaração de invalidade de evento; e
b) substituição de evento.

IX – declaração de eventos:

a) transmissão de declaração de eventos; e

b) recepção de declaração de eventos.

CAPÍTULO IV

COMUNICAÇÕES ENTRE ELOS DA CADEIA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Art. 4º Os eventos ocorridos ao longo da cadeia de medicamentos deverão ser transmitidos em tempo real ao detentor do registro do produto e ao elo precedente da cadeia no momento em que forem registrados no banco de dados pelo responsável, conforme o disposto nos artigos 16, 17 e 18 da RDC nº 54/2013.

§ 1º A transmissão da declaração de eventos deverá assegurar ao detentor de registro o acesso, a qualquer momento, dos dados de todo evento já declarado, inclusive em eventuais circunstâncias posteriores de problemas temporários de conectividade entre o detentor de registro e o elo.

§ 2º Os eventos de saída de medicamentos, como devolução, transferência e recolhimento, deverão ser transmitidos pela unidade de dispensação ao elo anterior na cadeia, bem como ao detentor do registro, nos casos em que ocorra movimentação de medicamento a outro elo.

§ 3º A unidade de dispensação deverá transmitir ao respectivo elo anterior e ao detentor do registro a declaração do evento de perda ou extravio do medicamento, caso ocorra.

Art. 5º Todo elo deverá transmitir ao respectivo elo anterior e ao detentor de registro a declaração de todos os eventos que recepcionar do respectivo elo posterior.

Art. 6º O elo remetente deverá transmitir ao elo receptor declaração de conteúdo de cada uma das embalagens de transporte remetidas.

§ 1º Excepcionalmente, é facultado ao elo receptor registrar a entrada de embalagens de transporte antes de ter recepcionado a declaração de conteúdo do elo remetente.

§ 2º Eventuais divergências entre o conteúdo declarado e o real da embalagem de transporte devem ser transmitidas ao elo remetente e ao detentor de registro.

CAPÍTULO V

RETENÇÃO E ALTERAÇÃO DE DADOS

Art. 7º Os registros dos dados dos eventos em banco de dados devem permanecer armazenados e à disposição das autoridades sanitárias pelo período de um ano após a expiração do prazo de validade do medicamento.

§ 1º Durante o período de retenção dos registros de que trata o caput, os dados devem estar prontamente disponíveis, conforme disposto no artigo 15 da RDC 54/2013 e no § 7º do artigo 205 da RDC 17/2010.

§ 2º Durante o período de retenção desses registros, deverá ser assegurado o suporte ao rastreamento dos eventos que forem comunicados pelos elos posteriores.

§ 3º Circunstâncias de indisponibilidade temporária ou permanente de dados, inclusive por caso fortuito ou força maior, deverão ser prontamente notificadas à Anvisa.

Art. 8º Todos os elos deverão manter a fidelidade das informações históricas de eventos registradas no SNCM, sendo para isso vedado atualizar ou remover quaisquer informações de interesse do SNCM do banco de dados que sejam consultáveis, remota ou localmente, pela Anvisa ou demais autoridades sanitárias.

§ 1º Qualquer atualização ou remoção de registros anteriores será interpretada como adulteração e considerada infração de natureza sanitária.

§ 2º A vedação à remoção de informações se aplica por todo o período obrigatório de retenção de dados.

§ 3º Após o período obrigatório de retenção de dados, os registros deverão permanecer imutáveis, ou poderão ser removidos de forma integral.

§ 4º As alterações no banco de dados de movimentação de medicamentos no âmbito do SNCM apenas poderão ter caráter aditivo.

§ 5º Não será permitida a substituição de informações de interesse do SNCM já armazenadas.

§ 6º As alterações de que trata o § 4º deverão ser feitas por meio de “substituição de evento” ou “declaração de invalidade de evento”, sempre motivadamente, por meio de preenchimento do campo “Motivo”.

Art. 9º Todo registro de descarte deverá ser precedido por um registro de perda ou extravio.
Parágrafo único. O registro de perda e o registro de descarte podem ser realizados por elos diferentes.

CAPÍTULO VI

FORNECIMENTO DE DADOS À AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Art. 10. As instâncias dos tipos de eventos de interesse de que trata o Capítulo III serão comunicadas à Anvisa por meio de arquivos na notação XML, conforme os esquemas definidos nos arquivos XSD a serem publicados no sítio web da Anvisa no endereço www.anvisa.gov.br.

Art. 11. Além das interfaces por “web service”, todo detentor de registro deverá implementar uma camada de apresentação que ofereça à Anvisa, por acesso via navegador web, os dados em formato amigável e legível por humanos.

Parágrafo único. A interface web ao usuário final será implementada como um “front end” ao “web service” de que trata o caput.

Art. 12. Tendo como base o cruzamento de seus próprios dados e dos dados obtidos pela recepção de declarações de eventos dos demais elos, o detentor de registro deverá monitorar e comunicar à Anvisa em envio proativo, independentemente de consulta, as seguintes ocorrências anômalas:

I – movimentação, ao longo da cadeia, de medicamentos cujo IUM não tenha sido gerado pelo detentor de registro;

II – duplicação de IUMs, em que o IUM esteja em dois elos ao mesmo tempo;

III – duplicação de IUMs, em que o IUM ressurja na cadeia de movimentação após seu rastreio ter sido finalizado (por eventos do tipo descarte, dispensação ou baixa).

CAPÍTULO VII

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Art. 13. Serão objeto de regulamentação adicional pela Anvisa:

I – a determinação da linguagem/notação a ser utilizada para as “queries” (consultas) de dados a serem formuladas pela Anvisa;

II – a especificação, em XSD, da estrutura dos documentos XML que a Anvisa fornecerá ao detentor de registro como envelope das “queries”;

III – a especificação, em XSD, da estrutura dos documentos XML (envelope + conteúdo) que o detentor de registro fornecerá à Anvisa como respostas às “queries”;

IV – a especificação dos mecanismos de negociação automática de abertura, gestão e fechamento de conexões e/ou de sessões, sobre a pilha de protocolos de transmissão de documentos XML entre a Anvisa e o detentor de registro que segue padrões abertos para a interoperabilidade de “web services” (WSDL e SOAP);

V – a especificação do modelo de segurança da comunicação de dados entre cada detentor de registro e a Anvisa, incluindo autenticação e criptografia;

VI – a obrigatoriedade de envio proativo, independentemente de consulta, de eventos anômalos à Anvisa pelos elos da cadeia de movimentação de medicamentos, além do que estabelece o artigo 12 desta Instrução Normativa;

VII – as regras de permissão e controle de acesso remoto aos dados do SNCM pela Anvisa.

Art. 14. A inobservância ao disposto na presente Instrução Normativa configura infração sanitária e sujeitará o infrator às penalidades previstas na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo de outras cominações legais e penais aplicáveis.

Art. 15. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

DIRCEU BRÁS APARECIDO BARBANO

Diretor-Presidente

Fonte: CSA – Correia da Silva Advogados




The Ebola Virus

 

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This is a colorized scanning electron micrograph of filamentous Ebola virus particles (green) attached to and budding from a chronically infected VERO E6 cell (blue) (25,000x magnification).

The outbreak of Ebola virus disease that has claimed more than 1,000 lives in West Africa this year poses a serious, ongoing threat to that region: the spread to capital cities and Nigeria—Africa’s most populous nation—presents new challenges for healthcare professionals. The situation has garnered significant attention and fear around the world, but proven public health measures and sharpened clinical vigilance will contain the epidemic and thwart a global spread, according to a new commentary by Anthony S. Fauci, MD, director of the National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID), part of the National Institutes of Health.

In the article, Fauci provides background on the Ebola virus, describes the transmission factors and clinical symptoms associated with infection, and highlights the healthcare and socio-economic issues that have fueled the Ebola epidemic in Guinea, Liberia, and Sierra Leone. Although global air travel may carry an unknowingly Ebola-infected person to the United States or other affluent country at some point, the risk of the traveler triggering an outbreak is extremely small because those countries—in contrast to West Africa—have the public health resources and infrastructure to: isolate suspected cases, provide advanced supportive medical care for the infected, trace and monitor the contacts of infected individuals, and properly handle biohazardous materials, Fauci writes.

The article briefly describes the investigational Ebola treatments and vaccines currently under accelerated development but cautions against “premature deployment of unproven interventions” that could further strain the relationship between healthcare professionals and patients in West Africa. “Sound public health practices, engagement with affected communities, and considerable international assistance and global solidarity will be needed to defeat Ebola in West Africa,” Fauci concludes.

Reference: Fauci AS. Ebola: Underscoring the Global Disparities of Health Care Resources. New England Journal of Medicine DOI:10.1056/NEJMp1409494.

Source: National Institutes of Health (NIH)




15/08/2014 – Vacina contra vírus “primo da dengue” passa em 1º teste

Pesquisadores ligados ao governo dos EUA tiveram sucesso nos testes iniciais de uma vacina contra o vírus chikungunya, causador da doença de mesmo nome, que é comum na África e na Ásia tropical. Como o vírus é transmitido por mosquitos do gênero Aedes, do mesmo modo que a dengue, o temor é que ele se torne cada vez mais comum no Brasil e no resto da América Latina.

Em 2010, foram detectados três casos do vírus no Brasil. Todos eles foram contraídos por pessoas que viajaram a áreas endêmicas. Neste ano, já houve cerca de 20 casos. O teste clínico de fase 1, que serve basicamente para medir a segurança de uma intervenção clínica, foi coordenado por Julie Ledgerwood, dos NIHs (Institutos Nacionais de Saúde americanos).

Um grupo de 25 voluntários saudáveis, de ambos os sexos, recebeu três injeções da vacina, espaçadas por várias semanas, e todos conseguiram desenvolver um bom nível de anticorpos contra o vírus. Os resultados estão descritos em artigo na revista médica “Lancet”.

Grosso modo, dá para descrever a chamada febre chikungunya como uma “prima” da dengue. Além de ter os mesmos mosquitos como vetores, ela também causa temperaturas elevadas, dores de cabeça, nos músculos e nas articulações.

Esse último ponto, aliás, é o mais importante: embora raramente mate os infectados, a doença pode levar a uma espécie de artrite de origem viral, com dores nas articulações que duram meses.

Ainda não há remédios ou vacinas que atuem especificamente contra ela – a única vacina testada até hoje acabou não chegando ao mercado, em parte por falta de financiamento para continuar a pesquisa e comprovar sua eficácia.

VÍRUS DISPENSADOS – Ledgerwood e seus colegas estão tentando preencher essa lacuna com uma abordagem diferente e, em tese, mais segura. Enquanto a vacina que teve seu desenvolvimento interrompido era feita com vírus vivos, embora “enfraquecidos” em laboratório, a equipe da pesquisadora resolveu dispensar o uso dos vírus propriamente ditos.

No lugar deles, eles optaram por produzir as chamadas partículas semelhantes a vírus. É como se fosse a “casca oca” viral, fabricada a partir de material genético do chikunguya que foi inserido em células humanas em laboratório.

Como essas partículas incluem as proteínas externas do vírus, que são reconhecidas pelas células do sistema de defesa do organismo, elas seriam suficientes para iniciar a produção de anticorpos contra a doença “” o que, de fato, aconteceu. Mesmo seis meses depois da última injeção, os voluntários continuavam com um nível de anticorpos tão alto quanto o de pessoas que tinham acabado de se recuperar da doença.

“Seria uma vacina relativamente barata de produzir em grandes quantidades, já que não precisaríamos de medidas de contenção, considerando que não usamos vírus vivos”, destacou a pesquisadora em comunicado oficial. O objetivo agora é testar a fórmula em mais pessoas, de preferência em regiões nas quais haja risco de infecção pela doença.

“Outro fator importante dos resultados é que os anticorpos produzidos pela vacina parecem ser eficazes contra todas as principais variantes do vírus”, declarou Ann Powers, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que comentou o estudo a pedido da “Lancet”.

Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem




15/08/2014 – Enzima proteolítica

O tema detergente enzimático é sempre recorrente aqui no Portal,desta forma solicitamos orientação de um especialista em enzimas.O Bruno Rafael Albuquerque da Silva que  é Gerente de Negócio de Enzimas da Quimisa S/A. O Bruno responda pra nós   questões relevantes na prática de CME que englobam detergente enzimático.

Bruno Rafael - Quimisa
NASCEcme
:  Qual a melhor opção para avaliação e aquisição de detergente enzimático?

Bruno: Focando no teor de enzimas, a melhor indicação para comparação é a concentração ‘U.A.’ (Unidades de Amilase) e ‘U.P.’ (Unidades de Protease) após o tempo de estabilidade, o que traduz o valor mínimo de atividade enzimática presente no processo de lavagem, uma vez que a avaliação é conduzida na diluição de uso indicada em rótulo. Ao solicitar o teor mínimo em (%) porcentagem caímos em um campo subjetivo, pois este é função do padrão comercial adicionado, não traduzindo qualidade e não sendo a melhor alternativa para comparação. O ideal é solicitar o teor de atividade enzimática após estabilidade, em padrões ANVISA.

NASCEcme:Qual a relação entre concentração de enzima( ex.protease) em detergente enzimático e solubilidade do produto?

Bruno: Como a concentração da enzima comercial é definida pela atividade enzimática latente, a presença de sólidos é baixa – menor que 5% em peso, não havendointerferência relevante na solubilidade do detergente.

Comentário: essas questões foram bastante oportunas e traduzem dúvidas de várias colegas.

O respondente foi bastante objetivo e assim ficou claro que ao nos depararmos com ofertas de detergente enzimático que apresentam altas concentrações de protease por exemplo, isto não significa que este produto seja melhor do que um outro com concentração menor; O importante é o teor de atividade enzimática. Lembrem-se  que a RDC n. 55 de  14 de novembro de 2012 regulamenta o uso de detergente enzimático em estabelecimentos de assistência à saúde. E nós como usuários do produto devemos solicitar ao fornecedor o teor de atividade enzimática do produto ofertado,e cabe ao fornecedor apresentar documento comprobatório por laboratório credenciado. Uma outra medida que seria bastante interessante diz respeito ao controle de qualidade  do produto em uso,  função da vigilância sanitária local, desta forma teríamos assegurado que o produto registrado na ANVISA é o mesmo que está sendo comercializado, em especial quanto ao teor da atividade enzimática.
Enf. Ana Miranda




15/08/2014 – O que há de novo sobre a utilização do álcool para degermação das mãos?

A pergunta da enfermeira Elaine Gurgel de Fortaleza- CE nos estimulou a rever e atualizar artigos sobre o tema. O interessante é que recebemos várias colaborações de outras colegas que também discutiram o tema com o SCIH nas instituições onde atuam. Como resultado, temos a oferecer arquivos interessantes que tratam do assunto com bastante objetividade.Leia e se atualize. Á você Elaine e demais colegas agradecemos a oportunidade de compartilhar conhecimento.

Artigo Álcool 01
Artigo Álcool 02
Protocolo de Higiene das Mãos
Relatório de Avaliação

ELAINE CRISTINA SILVA ARAUJO GURGEL
Brasileira, solteira, atualmente atuando como Enfermeira responsável pelo Centro de Material e Esterilização do Hospital São Carlos em Fortaleza – Ceará desde o ano de 2008 . Enfermeira do Centro Cirúrgico e Responsável pela equipe de enfermagem do trans-operatório do transplante Hepático também deste Hospital desde 2008.
*O Hospital São Carlos é o único Hospital privado credenciado para realizar transplantes hepático pelo SUS no Ceará.
Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) em 2006.
Em conclusão de Pós graduação em Centro Cirúrgico, Central e Material e Esterilização e Sala de Recuperação Pós -Anestésica pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).