Aula protocolo de limpeza – Enfª Lia Jeronymo Romero

” O protocolo de qualquer processo é fruto do resultado do Conhecimento, Reconhecimento e Convencimento do enfermeiro frente às normas, boas práticas e a sua própria instituição.
Estipular produto, periodicidade, impressos e registros é o grande desafio do enfermeiro da CME. O que trouxemos nessa palestra foi uma reflexão, uma provocação, uma semente para que todos desenvolvam seus próprios protocolos. Estou à disposição e ficarei honrada em ajudar os colegas da nossa querida CME. Obrigada!”

– Confira aqui
na integra a aula de Enfª Lia Jeronymo Romero.

 




REQUISITOS PARTICULARES PARA A SEGURANÇA EM PROCEDIMENTOS ELETROCIRURGICOS: COMENTANDO A PRATICA

Osvaldo Carlos Pereira Barbosa, Enfermeiro Mestrando em Ciências da Saúde pelo CEDESS Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde /UNIFESP. Pesquisador do Grupo de Estudo em Práticas e Educação Baseadas em Evidências – GEPEBE / Escola Paulista de Enfermagem UNIFESP e-mail: osvaldobarbosa027@gmail.com

Introdução

Os requisitos desta norma são considerados os mínimos a serem seguidos, de forma a fornecer um nível prático de segurança durante a operação de equipamentos cirúrgicos de alta frequência. Considera-se que a compreensão dos requisitos não apenas facilitará a aplicação correta de uma norma, mas também, a seu tempo, tornará mais rápidas quaisquer revisões necessárias por causa das mudanças na assistência prestada ao paciente cirúrgico ou pelo desenvolvimento da tecnologia.

Alguns requisitos desta norma foram selecionados e servirão como facilitadores para amenizar algumas dúvidas dos profissionais que praticam enfermagem perioperatória, bem como o departamento de engenharia clínica do centro cirúrgico, na realização dos procedimentos eletrocirurgicos:

ABNT NBR 60601-2-2 Segunda edição 02.12.2013 Válida a partir de 01.01.2015. A ABNT NBR IEC 60601-2-2 foi elaborada no Comitê Brasileiro Odonto- Médico-Hospitalar (ABNT/CB-2), pela Comissão de Estudo de Equipamento Eletromédico (CE-26.020.02).

Esta Norma é uma adoção idêntica, em conteúdo técnico, estrutura e redação, à IEC 60601-2-2:2009, que foi elaborada pelo Technical Committee Electrical Equipment in Medical Practice (IEC/TC 62), Subcommittee Electromedical Equipment (SC 62 D), conforme ISO/IEC Guide 21-1:2005.

I – A área inteira do ELETRODO NEUTRO (EN) deve estar confiavelmente acoplada a uma área do corpo do paciente que seja apropriada e esteja devidamente preparada, da forma definida pelo FABRICANTE.
Comentários: No momento da aplicação, devemos observar para não deixar formar bolhas de ar ou, até mesmo, ter algum comprometimento de alguma área sem adesão. Caso aconteça, a indicação é aplicar outro EN. O preparo desta área é importante de modo que diminua a impedância da região. Por exemplo, a retirada de pelos da região a ser aplicado o eletrodo neutro.

II – O paciente não pode entrar em contato com as partes metálicas que estejam aterradas ou que tenham uma capacitância apreciável ao terra (por exemplo. Suportes da mesa de cirurgia, braçadeiras, etc.).
Comentários: A presença desse contato com as partes metálicas deve ser evitada e observada, após a mudança de decúbito do paciente, como por exemplo, temos a própria mesa de cirurgia ou o uso de materiais para evitar esse contato e oferecer mais conforto ao paciente.

III – O contato pele com pele deve ser evitado (por exemplo, entre braços e o corpo de um PACIENTE) deve ser evitado, por exemplo, pela inserção de uma gaze seca.
Comentários: É uma preocupação que devemos ter, sobretudo com pacientes obesos ou pacientes com sudorese intensa durante o procedimento eletrocirurgico.

IV – Quando o EQUIPAMENTO CIRURGICO DE AF (ECAF) e um equipamento de monitoramento fisiológico estiverem sendo utilizados simultaneamente no mesmo PACIENTE, quaisquer eletrodos de monitoramento devem ser colocados o mais longe possível dos eletrodos cirúrgicos. Eletrodos de monitoramento em forma de agulha não são recomendados.

Comentários: A indicação dos eletrodos de monitoramento cardíaco deve ficar no mínimo 15cm de distância do EN. Sempre que o ECAF for acionado, será aceitável que o equipamento de monitoramento cardíaco tenha um comprometimento no traçado ou até mesmo demonstre perda de sinal. A situação normalizará assim que o ECAF deixar de ser acionado, sem necessidade de troca dos eletrodos de monitoramento cardíaco.

V – ELETRODOS ATIVOS (EA) temporariamente fora de uso devem ser guardados em um local que seja isolado do paciente.
Comentários: Os eletrodos ativos mesmo fora de uso não devem ficar sob o paciente, pois, normalmente, estão com temperatura elevada; após o uso, podem queimar o paciente e também ser acionados por um dos profissionais da equipe cirúrgica pelo pedal de comando.

VI – Para procedimentos cirúrgicos nos quais a corrente de AF pode fluir até as partes do corpo que tenham uma área de seção transversal relativamente pequena, a utilização de técnicas BIPOLARES pode ser desejável para evitar danos indesejáveis ao tecido.

Comentários: Na prática, o uso de técnicas bipolares para crianças e recém- nascidos é muito discutido.

VII – Saídas aparentemente baixas ou falhas no funcionamento correto do ECAF com os ajustes normais de operação podem indicar uma aplicação errada do EN e das suas conexões deve ser verificada antes que uma potência de saída mais alta seja selecionada.

Comentários: Durante o procedimento, cirúrgico é normal que o cirurgião solicite o aumento da potência do ECAF, devemos antes de atender as solicitações fazer as verificações no EN (região aplicada, adesividade e conexões).

VIII – Agentes inflamáveis utilizados na limpeza ou desinfecção, ou como solventes de adesivos, devem ter tempo para evaporar antes da aplicação da cirurgia de AF. Há um risco de acumulação de soluções inflamáveis sob o

PACIENTE ou nas depressões do corpo, como umbigo, e em cavidades do corpo, como vagina.
Comentários: Esta prática é muito importante, pois o acúmulo de líquidos na região sacral do paciente poderá levar ao aparecimento de queimaduras com grande área de comprometimento.

IX – PACIENTES com marca-passo cardíaco ou implantes ativos, há um possível perigo gerado pela interferência com a ação do marca-passo ou pela danificação do marca-passo. Em caso de dúvidas, uma orientação qualificada e aprovada deve ser obtida.

Comentários: A melhor opção será nos reportar ao fabricante do marca-passo para que sejam passadas todas as orientações. A notificação verbal a equipe é importante quando o paciente for portador de marca-passo, mesmo que seja considerado de conhecimento de todos. Qualquer tipo de técnica para evitar o contato do marca-passo com a corrente de alta frequência deverá ser respaldada com estudos científicos.

X – Com relação aos eletrodos neutros devemos respeitar:

  1. A)  A informação no rótulo quanto à única utilização;
  2. B)  Informaçõesnecessáriasparaevitarqueimadurasnolocaldeaplicação;
  3. C)  Preparo da área de aplicação do mesmo;
  4. D)  Indicação do perfil do paciente: adulto, criança e RN;
  5. E)  Informaçãodecompatibilidadecomomonitordequalidadedecontato.

Comentários: Com relação à reutilização dos eletrodos neutros, devemos levar em consideração, com base na prática, o comprometimento da adesividade no segundo uso e até mesmo a questão da infecção cruzada, pois é um produto que é limitado à exposição de limpeza e ou desinfecção. Quanto ao local de aplicação, considerar a região com os seguintes requisitos: Rica em massa muscular, limpa, seca e ausente de pelos e mais distante de proeminências ósseas. Levando em consideração a indicação do fabricante com relação ao paciente com melhor indicação de uso x tamanho do EN.

XI – ELETRODO ATIVO: O Fabricante deve especificar nos documentos acompanhantes quanto à compatibilidade dos mesmos. Quando removível deve se encaixar seguramente nos acessórios ativos especificados.
Comentários: No momento da aquisição dos equipamentos podemos solicitar aos fabricantes certificados de compatibilidade dos ECAF e dos respectivos acessórios. Caso venha ser feita uma nova aquisição de acessórios de outras marcas é de responsabilidade da padronização e engenharia clínica respaldar a equipe do centro cirúrgico das informações necessárias.

XII – ELETRODO NEUTRO: O aviso para evitar queimaduras indesejáveis é baseado na experiência. Em particular:

  1. A)  Deve estar conectado de maneira confiável ao cabo;
  2. B)  Tão perto quanto possível do campo de operação;
  3. C)  Em determinados casos, a técnica BIPOLAR pode evitar danos indesejáveis ao

    tecido;

  1. D)  Indicação de verificação do EN e das conexões do EN, antes que seja feita a seleção de uma potência de saída mais alta;
  2. E)  A utilização de EN com MQC não dispensa o monitoramento intraoperativo do contato do EN;
  3. F)  DeterminarqueoENestejaemconformidadedepoisdoarmazenamentoatéo prazo de validade do rótulo, evitando o uso do EN com adesivo e gel deteriorado.

Comentários: Os cabos não devem ter aproximação de outros cabos de diferentes equipamentos. A aplicação do EN o mais próximo possível da incisão cirúrgica para evitar que a corrente circule por uma região muito grande do corpo do paciente. Podendo encontrar saídas alternativas sem condições ideais para o retorno da mesma ao ECAF. Devemos observar os dados dos rótulos, para que seja utilizado EN nas condições normais de uso.

XIII – A impedância do contato elétrico entre a superfície do local de aplicação do EN e a conexão do cabo do EM deve ser pequena o suficiente para evitar riscos de queimadura do PACIENTE devido ao aquecimento durante a passagem da corrente cirúrgica de AF.

Comentários: O preparo da pele é importantíssimo, para que possamos diminuir a impedância na região, de modo a observar a forma de preparo dessa região para não comprometê-la com lesões no momento da retirada de pelos.

XIV – Ao contrário dos eletrodos de monitoramento eletrocardiográfico, os quais se espera que sejam aplicados por OPERADORES não treinados nos perigos elétricos, os equipamentos cirúrgicos de AF e acessórios estão acessíveis apenas para OPERADORES altamente qualificados e treinados e em locais de acesso restrito.

Comentários: Devemos criar programas de treinamento no momento da aquisição de tecnologias e manter uma programação de reciclagem periódica a todos os profissionais que trabalhem no centro cirúrgico.

XV – Os eletrodos ativos e bipolares são aplicados apenas sob o controle direto de um cirurgião, que deve interromper o contato com o PACIENTE ao menor sinal de uma resposta não esperada do PACIENTE.
Comentários: Não podemos atender às solicitações dos cirurgiões quanto ao uso de pinças hemostáticas ou auxiliares para aumentar a área de coagulação, pois colocamos em risco o paciente e os profissionais da equipe cirúrgica.

XVI – Os eletrodos ativos rotulados para uma única utilização não são adequados para reesterilização e, portanto, estão isentos deste requisito.

Comentários: Os eletrodos ativos rotulados, como descartáveis, não devem ser reprocessados pois podem apresentar inconformidades durante seu uso, colocando em risco o paciente e a equipe cirúrgica. (Ex. superaquecimento do eletrodo ativo durante o uso e choque elétrico)

Esses requisitos básicos de segurança básica, bem como os comentários apresentados devem servir como modelo para a elaboração dos protocolos das instituições. Nestes protocolos, deve ser envolvida ainda a educação continuada para toda equipe de enfermagem do centro cirúrgico e a equipe cirúrgica para o desenvolvimento de habilidades, atitudes e comportamentos, evitando, assim os eventos adversos e, sobretudo, contribuindo para a segurança do paciente cirúrgico.

Considerações finais

Considerando uma das referências para auxiliar os profissionais durante a realização de procedimentos eletrocirurgicos, esperamos que estes comentários possam auxiliar na construção de protocolos para as instituições, tendo como objetivo minimizar os riscos de eventos adversos. Todos os comentários foram elaborados pautados em boas praticas e recomendações nacionais e internacionais.

Referencias bibliográficas

1. Hermini, A. H. Unidade Eletrocirurgicas – Conceito e bases de operação de sistemas eletrocirurgicos – Campinas: Mundo Digital, 2008.

2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – Equipamento eletromédico Parte 2-2: Prescrições particulares para segurança de equipamento cirúrgico de alta frequência NBR IEC 60.601-2-2:2013.

3. Brito, Maria de Fátima Prado – Eletrocirurgia: evidências para o cuidado de enfermagem. Dissertação de mestrado apresentada à EEUSP – Ribeirão Preto, 2007.

4. Bisinotto et all – Queimadura provocada por bisturi elétrico associado ao oxímetro de pulso. Relato de Caso. Ver. Bras. Anestesiol. 1996;46:2:133-135

5. Paiva & Berti – Eventos adversos: análise de um instrumento de notificação utilizado no gerenciamento de enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP 2010;44(2);287-94

6. Brito, MFP, Galvão, CM. – Os Cuidados de enfermagem no uso da eletrociurgia. Revista Gaúcha Enferm. Porto Alegre (RS) 2009 jun;30(2):319-27.

7. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirurgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. Praticas Recomendadas – SOBECC, 5a.Ed. São Paulo: SOBECC;2009




Taxa de infecção de sítio cirúrgico incisional superficial em procedimento de prótese de joelho

Título |  Taxa de infecção de sítio cirúrgico incisional superficial em procedimento de prótese de joelho

Fonte |  The Australian Council on Healthcare Standards (ACHS); Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

Definição |  Taxa de infecção de sítio cirúrgico (ISC) incisional superficial em procedimento de prótese de joelho, expressa por 100 procedimentos.

Nível Informação |  Resultado

Dimensão da Qualidade |  Segurança

Numerador |   Número total de ISCs incisionais superficiais em procedimentos de colocação de prótese do joelho realizados durante o período de estudo.
Observação: diagnósticos de infecção de ferida cirúrgica feitos na reinternação de um paciente até 30 dias após a cirurgia são considerados diagnósticos “intra-hospitalares” para fins deste indicador, devendo ser incluídos no numerador. Isso se aplica somente quando o paciente é readmitido no hospital onde a cirurgia inicial foi realizada.

Denominador |  Número total de procedimentos de colocação de prótese do joelho realizados durante o período de estudo.
Para o cálculo das taxas de infecção de sítio cirúrgico, a ANVISA (2009) recomenda um acúmulo mínimo (denominador) de 30 procedimentos no período considerado para o cálculo. A ANVISA também aponta que, em serviços com menor volume de procedimentos, as taxas podem ser calculadas por especialidade para avaliação interna (pela própria unidade).

Definição de Termos :
O grau de contaminação do sítio cirúrgico está ligado aos quatro níveis esperados de micro-organismos presentes no momento da incisão, relacionados à flora bacteriana normal, à superação do grau normal de contaminação antes que o paciente se apresente à cirurgia ou à presença de infecção.

Dessa forma, recomenda-se que um indicador clínico usado para medir o nível de segurança do paciente dentro da instituição de saúde só calcule taxas de infecção em procedimentos cirúrgicos que se apresentem à cirurgia com o grau habitual de contaminação (cirurgias classificadas como “limpas”).

Classificação das cirurgias por potencial de contaminação da incisão cirúrgica (Ministério da Saúde. Portaria n° 2.616/98):

As infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;

A classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as seguintes indicações:

Cirurgias Limpas – são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário;

Cirurgias Potencialmente Contaminadas – são aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa;

Cirurgias Contaminadas – são aquelas realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local. Na presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção, ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária também se incluem nesta categoria;

Cirurgias Infectadas – são todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em A apresentação de um sítio cirúrgico com grau de contaminação acima do esperado, por exemplo, contaminado ao invés de limpo, ocorre com pouca frequência, sendo, portanto, estatisticamente difícil para as instituições de saúde calcular taxas confiáveis de infecção segundo os vários níveis de contaminação e os distintos procedimentos cirúrgicos.

Definições de infecção de sítio cirúrgico (ANVISA, 2009):

1) Incisional superficial: Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia e envolve apenas pele e subcutâneo.

Com pelo menos 1 (um) dos seguintes: Drenagem purulenta da incisão superficial;

Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial, obtido assepticamente (não são considerados resultados de culturas colhidas por swab);

A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de

pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor, EXCETO se a cultura for negativa;

Diagnóstico de infecção superficial pelo médico assistente. Obs:

No caso de cirurgia oftalmológica conjuntivite será definida como infecção incisional superficial.

Não notificar mínima inflamação e drenagem de secreção limitada aos pontos de sutura.

2) Incisional profunda: Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até UM ano, se houver colocação de prótese, e envolve tecidos moles profundos à incisão (ex: fáscia e/ou músculos).

Com pelo menos UM dos seguintes:
Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não de órgão/cavidade;

Deiscência parcial ou total da parede abdominal ou abertura da ferida pelo cirurgião, quando o paciente apresentar pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: temperatura axilar de 37,8oC, dor ou aumento da sensibilidade local, exceto se a cultura for negativa;

Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolva os planos profundos da ferida, identificada em reoperação, exame clínico, histocitopatológico ou exame de imagem;

Diagnóstico de infecção incisional profunda pelo médico assistente.

3) Órgão/cavidade: Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até UM ano, se houver colocação de prótese, e envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia.

Com pelo menos UM dos seguintes:

Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente;

Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolva os planos profundos da ferida, identificada em reoperação, exame clínico, histocitopatológico ou exame de imagem;

Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente. Obs.:

Osteomielite do esterno após cirurgia cardíaca ou endoftalmite são consideradas infecções de órgão/cavidade.

Em pacientes submetidos a cirurgias endoscópicas com penetração de cavidade, serão utilizados os mesmos critérios de infecção do sítio cirúrgico do

tipo órgão-cavidade.

Não há, até o momento, critérios que permitam separar infecção ascendente do trato urinário, de infecção urinária como expressão secundária de infecção em cirurgia urológica.

NÃO considerar que a eliminação de secreção purulenta através de drenos seja necessariamente sinal de ISC-OC.

Sinais clínicos (febre, hiperemia, dor, calor, calafrios) ou laboratoriais (leucocitose, aumento de PCR quantitativa ou VHS) são inespecíficos, mas podem sugerir infecção.

ATENÇÃO:

*Caso a infecção envolva mais de um plano anatômico, notifique apenas o sítio de maior profundidade.

*Considera-se prótese todo corpo estranho implantável não derivado de tecido humano (ex: válvula cardíaca protética, transplante vascular não- humano, coração mecânico ou prótese de quadril), exceto drenos cirúrgicos.

Sítios Específicos de ISC/OC:
• Osteomielite;
• Abscesso de mama ou mastite;
• Miocardite ou pericardite;
• Disco intervertebral;
• Otite, mastoidite;
• Endometrite;
• Endocardite;
• Olho, que não conjuntivite;
• Trato gastrointestinal; • Intra-abdominal, não especificada em outra parte; • Intracraniana, abscesso cerebral ou dural;
• Articulação ou bursa;
• Outras infecções do trato respiratório inferior;
• Mediastinite;
• Meningite ou ventriculite;
• Cavidade oral (boca, língua ou gengiva);
• Outros órgãos reprodutores, masculinos ou femininos;
• Outras infecções do trato urinário;
• Abscesso espinhal sem meningite;
• Sinusite;
• Trato respiratório superior;
• Infecção arterial ou venosa;
• Cúpula vaginal.

Racionalidade:
O risco de uma ISC depende de muitos fatores: alguns deles extrínsecos, como o próprio procedimento cirúrgico, e outros intrínsecos, como a gravidade da doença subjacente. Pacientes cirúrgicos que contribuam para um indicador clínico devem ter um risco de infecção semelhante, de modo que a taxa de infecção reflita o nível de segurança do paciente em grupos de pacientes semelhantes e que as infecções não ocorram num pequeno número de pacientes com riscos muito diferentes. O registro resultante das taxas do indicador clínico será específico para cada procedimento cirúrgico,

Racionalidade identificado pelo código da Classificação Internacional de Doenças (CID) usado para agrupar procedimentos semelhantes, devendo incluir procedimentos de revisão (por exemplo, revisão de prótese de quadril). Organizações de saúde que realizem rotineiramente no mínimo 100 procedimentos cirúrgicos do mesmo tipo por ano podem avaliar a segurança do paciente notificando a frequência de infecções. Um volume mais elevado de procedimentos irá gerar uma taxa estatisticamente mais confiável. A investigação oportuna de taxas de infecção acima do esperado pode identificar fatores evitáveis e permitir a ação corretiva. Por exemplo, os erros podem ter ocorrido na administração do tipo, dose, via e momento correto da profilaxia antibiótica em pacientes cirúrgicos.

Ajuste de Risco:

Existem muitos fatores de risco extrínsecos e intrínsecos que aumentam a probabilidade de que um paciente cirúrgico adquira uma infecção, e alguns deles só contribuem na presença de outros. Entre os fatores de risco identificados como contribuidores importantes para as infecções estão a duração do procedimento cirúrgico, a classificação ASA (American Society for Anesthesiology) do paciente e o grau de contaminação do sitio cirúrgico. Grandes bancos de dados podem permitir o ajuste estatístico dos fatores de risco de modo que as taxas resultantes reflitam uma população de pacientes com risco de infecção semelhante ou o cálculo de diversas taxas para diferentes níveis de risco. A maior parte das instituições de saúde não realiza o mesmo tipo de procedimento cirúrgico com frequência suficiente para estratificar suas taxas de infecção entre diversas categorias de risco. Entretanto, recomenda-se que as instituições de saúde considerem a coleta de dados sobre fatores de risco em todos os pacientes cirúrgicos que contribuam para o denominador de seu indicador clínico. A frequência destes fatores de risco pode então ser usada para descrever o nível de risco da maioria dos pacientes cirúrgicos em cada período de vigilância. Esta documentação irá determinar se o risco de infecção se alterou. Entre os fatores de risco recomendados estão a classificação ASA, a duração do procedimento, procedimentos de emergência/não planejados e a profilaxia. A coleta de dados sobre fatores de risco serve para uso local, não sendo necessária para fins de notificação.

 

Interpretação:
Estes são indicadores baseados em taxas comparativas que avaliam o desfecho do cuidado com base na ocorrência de infecção. As instituições de saúde podem fazer comparações internas, ou externas.

Para o cálculo das taxas de infecção de sítio cirúrgico, a ANVISA (2009) recomenda um acúmulo mínimo (denominador) de 30 procedimentos no período considerado para o cálculo. A ANVISA também aponta que, em serviços com menor volume de procedimentos, as taxas podem ser calculadas por especialidade para avaliação interna (pela própria unidade).

Fonte de Dados:

Banco de dados administrativos hospitalares; prontuários dos pacientes; busca ativa CCIH

Bibliografia:

1. The Australian Council on Healthcare Standards (ACHS). Australasian Clinical Indicator Report: 2001 – 2008. Determining the Potential to Improve Quality of Care: 10th Edition [online]. Australian Council on Healthcare Standards, 2008. [capturado 25 fev. 2010] Disponível em: http://www.achs.org.au/cireports.

2. NSW Department of Health. Infection control program quality monitoring indicators – Version 2 users’ manual. NSW Department of Health 2005.

3. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). SÍTIO CIRÚRGICO. Critérios Nacionais de Infecções relacionadas à assistência à saúde. Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde. Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos. Março de 2009.

4. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria no 2.616, de 12 de maio de 1998

5.CUNHA, Bernardo Matos da; OLIVEIRA, Sandro Barbosa de; SANTOS-NETO, Leopoldo. Incidência de infecções em artroplastias de quadril e joelho em pacientes com artrite reumatoide e osteoartrite. Rev. Bras. Reumatol. vol.51 no.6 São Paulo Dec. 2011.

© Proqualis/Instituto de Comunicação Científica e Tecnológica em Saúde/Fiocruz, 2014

 




Taxa de infecção de sítio cirúrgico, em cirurgias limpas

Título

Taxa de infecção de sítio cirúrgico, em cirurgias limpas

Fontes

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD); SafetyImprovement for Patients in Europe (SIMPATIE); ANVISA.

Definição

Número de infecções de sítio cirúrgico, em cirurgias limpas, dividido pelo número total de cirurgias limpas, vezes 100.

Nível da Informação

Resultado

Dimensão da Qualidade

Segurança

Numerador

Número de infecções de sítio cirúrgico, em cirurgias limpas, no período de estudo.

Denominador

Número total de cirurgias limpas, no período de estudo.

Obs.: Devem ser contabilizadas as altas cirúrgicas e reinternações (no mesmo hospital).

A ANVISA (2009) recomenda um acúmulo mínimo (denominador) de 30 procedimentos no período considerado para o cálculo.

Definição de Termos

As infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado. A classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com as seguintes indicações (Brasil, 1998):

Cirurgias Limpas – são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário;

Cirurgias Potencialmente Contaminadas – são aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa;

Cirurgias Contaminadas – são aquelas realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local. Na presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção, ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária também se incluem nesta categoria;

Cirurgias Infectadas – são todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em A apresentação de um sítio cirúrgico com grau de contaminação acima do esperado, por exemplo, contaminado ao invés de limpo, ocorre com pouca frequência, sendo, portanto, estatisticamente difícil para as instituições de saúde calcular taxas confiáveis de infecção segundo os vários níveis de contaminação e os distintos procedimentos cirúrgicos.

Definições de infecção de sítio cirúrgico (ANVISA, 2009):

1) Incisional superficial: Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia e envolve apenas pele e subcutâneo.

Com pelo menos 1 (um) dos seguintes: Drenagem purulenta da incisão superficial;

Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial, obtido assepticamente (não são considerados resultados de culturas colhidas por swab);

A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor, EXCETO se a cultura for negativa;

Diagnóstico de infecção superficial pelo médico assistente. Obs:

No caso de cirurgia oftalmológica conjuntivite será definida como infecção incisional superficial.

Não notificar mínima inflamação e drenagem de secreção limitada aos pontos de sutura.

2) Incisional profunda: Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até UM ano, se houver colocação de prótese, e envolve tecidos moles profundos à incisão (ex: fáscia e/ou músculos).

Com pelo menos UM dos seguintes:
Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não de órgão/cavidade;

Deiscência parcial ou total da parede abdominal ou abertura da ferida pelo cirurgião, quando o paciente apresentar pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: temperatura axilar de 37,8oC, dor ou aumento da sensibilidade local, exceto se a cultura for negativa;

Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolva os planos profundos da ferida, identificada em reoperação, exame clínico,histocitopatológico ou exame de imagem;

Diagnóstico de infecção incisional profunda pelo médico assistente.

3) Órgão/cavidade: Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até UM ano, se houver colocação de prótese, e envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia.

Com pelo menos UM dos seguintes:
Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente;

Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolva os planos profundos da ferida, identificada em reoperação, exame clínico,histocitopatológicoou exame de imagem;

Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente. Obs.:

Osteomielite do esterno após cirurgia cardíaca ou endoftalmite são consideradas infecções de órgão/cavidade.

Em pacientes submetidos a cirurgias endoscópicas com penetração de cavidade, serão utilizados os mesmos critérios de infecção do sítio cirúrgico do tipo órgão-cavidade.

Não há, até o momento, critérios que permitam separar infecção ascendente do trato urinário, de infecção urinária como expressão secundária de infecção em cirurgia urológica.

 NÃO considerar que a eliminação de secreção purulenta através de drenos seja necessariamente sinal de ISC-OC.

Sinais clínicos (febre, hiperemia, dor, calor, calafrios) ou laboratoriais (leucocitose, aumento de PCR quantitativa ou VHS) são inespecíficos, mas podem sugerir infecção.

ATENÇÃO:

*Caso a infecção envolva mais de um plano anatômico, notifique apenas o sítio de maior profundidade.

*Considera-se prótese todo corpo estranho implantável não derivado de tecido humano (ex: válvula cardíaca protética, transplante vascular não humano, coração mecânico ou prótese de quadril), exceto drenos cirúrgicos.

Sítios Específicos de ISC/OC:
• Osteomielite;
• Abscesso de mama ou mastite;
• Miocardite ou pericardite;
• Disco intervertebral;
• Otite, mastoidite;
• Endometrite;
• Endocardite;
• Olho, que não conjuntivite;
• Trato gastrointestinal; • Intra-abdominal, não especificada em outra parte; • Intracraniana, abscesso cerebral ou dural;
• Articulação ou bursa;
• Outras infecções do trato respiratório inferior;
• Mediastinite;
• Meningite ou ventriculite;
• Cavidade oral (boca, língua ou gengiva);
• Outros órgãos reprodutores, masculinos ou femininos;
• Outras infecções do trato urinário;
• Abscesso espinhal sem meningite;
• Sinusite;
• Trato respiratório superior;
• Infecção arterial ou venosa;
• Cúpula vaginal.

Racionalidade
 A ocorrência de uma infecção de sítio cirúrgico pode ter consequências clínicas que variam desde inflamações leves e insignificantes até dor e sofrimento consideráveis, deiscência de ferida, sepse e até mesmo a morte. Muitas vezes é necessário reoperar o paciente e prolongar a internação. A incidência de infecções de ferida pode ser reduzida com cuidados pré, intra e pós-operatórios adequados, particularmente a higiene estrita. Sabe-se há muito tempo que os profissionais de hospitais tendem a negligenciar medidas simples como a lavagem das mãos e o uso de desinfetantes.

O grau de contaminação do sítio cirúrgico está relacionado aos quatro níveis esperados de micro-organismos presentes no momento da incisão, relativos à flora bacteriana normal, à superação do grau normal de contaminação antes que o paciente se apresente à cirurgia ou à presença de infecção.

Dessa forma, recomenda-se que um indicador clínico usado para medir o nível de segurança do paciente dentro da instituição de saúde só calcule taxas de infecção em procedimentos cirúrgicos que se apresentem à cirurgia com o grau habitual de contaminação (cirurgias classificadas como “limpas”).

 

Ajuste de Risco

Existem muitos fatores de risco extrínsecos e intrínsecos que aumentam a probabilidade de que um paciente cirúrgico adquira uma infecção, e alguns deles só contribuem na presença de outros. Entre os fatores de risco identificados como contribuintes importantes para as infecções estão a duração do procedimento cirúrgico, a condição clínica do paciente (gravidade), conforme a classificação da Sociedade Americana de Anestesia (ASA) e o grau de contaminação do sitio cirúrgico. Grandes bancos de dados podem permitir o ajuste estatístico dos fatores de risco de modo que as taxas resultantes reflitam uma população de pacientes com risco de infecção semelhante ou o cálculo de diversas taxas para diferentes níveis de risco. A maior parte das instituições de saúde não realiza o mesmo tipo de procedimento cirúrgico com frequência suficiente para estratificar suas taxas de infecção entre diversas categorias de risco. Entretanto, recomenda-se que as instituições de saúde considerem a coleta de dados sobre fatores de risco em todos os pacientes cirúrgicos que contribuam para o denominador de seu indicador clínico. A frequência destes fatores de risco pode então ser usada para descrever o nível de risco da maioria dos pacientes cirúrgicos em cada período de vigilância. Esta documentação irá determinar se o risco de infecção se alterou.

É recomendável a utilização de ajuste de riso. Entre os fatores de risco recomendados estão a classificação ASA, a duração do procedimento, procedimentos de emergência/não planejados e a profilaxia. A coleta de dados sobre fatores de risco serve para uso local, não sendo necessária para fins de notificação.

Estratificação

Tipo de cirurgia; tipo de unidade

Interpretação

Deve ser considerado que pode ser difícil obter documentação consistente e precisa sobre a classificação das cirurgias por potencial de contaminação da incisão cirúrgica.

Fonte de Dados

Dados administrativos; prontuários; notificação á CCIH

Bibliografia

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). SÍTIO CIRÚRGICO. Critérios Nacionais de Infecções relacionadas à assistência à saúde. Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde. Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos. Março de 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria no 2.616, de 12 de maio de 1998.

Kristensen S, Mainz J, Bartels P. Catalogue of Patient Safety Indicators. Safety Improvement for Patients in Europe. SImPatIE – Work Package 4 [Internet]. March 2007. [capturado 16 set. 2007]. Disponível em: http://www.simpatie.org/Main/pf1175587453/wp1175588035/wp1176820943.

Millar J, Mattke S, the Members of the OECD Safety Panel. Selecting Indicators for Patient Safety at the Health Systems Level in OECD Countries. OECD Health TechnicalPapers No. 18 [Internet]. 28-Oct-2004. [capturado 09 abr. 2009]. Disponível em: http://www.oecd.org//dataoecd//53/26//33878001.pdf.

 © Proqualis/Instituto de Comunicação Científica e Tecnológica em Saúde/Fiocruz, 2014



El riesgo que emana de las cuñas y que nadie tiene en cuenta

En el ámbito de higiene hospitalaria y de prevención de infecciones, desde hace mucho tiempo se le conoce a nivel internacional como la «Reina de las cuñas»: Gertie van Knippenberg-Gordebeke. La especialista en higiene de la ciudad neerlandesa de Venlo, propietaria de la empresa consultora «KNIP Consult», es una ponente siempre bien- venida en conferencias y congresos internacionales. Pero también elabora planes de higiene para hospitales de Sudamérica y realiza sus propios estudios para impulsar su deseo de que el manejo de los excrementos de los pacientes y, por ende, de los utensilios de los pacientes, sea más seguro. 

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Con motivo de la presentación de pósteres en la conferencia más reciente de la International Federation of Infection Control (IFIC) celebrada en Malta, Gertie van Knippenberg dio a conocer los resultados de su ensayo. Realizó uno de sus estudios con la finalidad de determinar, a nivel mundial, la forma en la que se manipulan los utensilios de los pacientes. El resultado reveló que en este terreno sigue siendo im- prescindible una continua labor educativa. El trabajo cotidiano aún se caracteriza por hábitos y costumbres, en lugar del cum- plimiento de instrucciones y di- rectivas. Y Gertie van Knippenberg constata que muchos de sus colegas dedicados a la asistencia de enfermos no saben que el manejo de cuñas y botellas de orina representa un proceso lleno de riesgos.

Encontrará el póster de Gertie van Knippenberg como suplemen- to de este número de la revista «Hygiene for the World». Además, hablamos con la experta sobre sus experiencias y los resultados de sus investigaciones.

Pregunta:
Hace ya mucho tiempo que aboga por que los utensilios de los pa- cientes dejen de evaluarse como «no críticos», como lo prevé la lista de Spaulding. ¿Por qué es tan importante?

Gertie van Knippenberg-Gordebeke:
Las cuñas entran en contacto con la piel del paciente. Y la piel de los pacientes de mayor edad o que quizá padezcan de úlceras de decúbito, o la piel de pacientes que tienen una herida de una operación, no es una piel intacta, y mucho menos la piel de aquellas partes del cuerpo que entran en contacto con las cuñas. Pero hay muchas otras diferencias más entre las cuñas y otros productos médicos no críticos, como, por ejemplo, el esfigmomanómetro. La cuña se utiliza en la región perineal, en donde hay una can- tidad extraordinariamente elevada de bacterias y, por consiguiente y bajo determinadas circunstan- cias, también gérmenes patógenos multirresistentes. Todos estos son factores que hablan a favor de una clasificación de las cuñas como productos médicos semicríticos. Y la lista de Spaulding hace caso omiso del hecho de que las cuñas se tienen que vaciar. Los demás materiales no críticos no presentan ningún proceso similar a este.

Pregunta:
¿Cuál sería la consecuencia si no se consigue esto?

Gertie van Knippenberg-Gordebeke:
Todo quedaría igual, lo que sería un riesgo enorme para los pacien- tes. También por el hecho de que entonces el lavado manual podría considerarse como no problemá- tico. La norma ISO 15883, por lo menos, ha avanzado un poco más, pues prevé que, en la medida de lo posible, las cuñas se traten de forma mecánica.

Pregunta:
¿Por qué no hay reglas internacio- nales que regulen la gestión de los utensilios de los pacientes?

Gertie van Knippenberg-Gordebeke: Mientras no se «divulgue» a nivel mundial que en caso de una infección de Clostridium difficile o de otros gérmenes patógenos es conveniente tratar las cuñas en máquinas de limpieza y desinfec- ción, probablemente no podremos responder a esta pregunta. Puede ser que simplemente se deba a que nadie lo tiene presente. Y ha tarda- do mucho hasta que la higiene hospitalaria y la higiene de manos llegaran a cobrar la importancia que ahora tienen. Pero algo se está moviendo. Canadá y Chile, por ejemplo, han establecido por fuer- za de ley el empleo de máquinas de limpieza y desinfección o de maceradores. En Holanda tenemos una directiva estricta para lava- cuñas, sobre todo, en el tratamien- to de brotes de gérmenes multi- rresistentes. Un problema muy profano es el hecho de que hay tantos tipos de cuñas.

Pregunta:
¿Qué problema conlleva esto?

Gertie van Knippenberg-Gordebeke:
Hay utensilios sin asa y con borde plegado hacia el interior. En estos casos las enfermeras no tienen otra alternativa más que meter los dedos en los recipientes llenos. Esto plantea inmediatamente la pregunta de cuándo se tienen que cambiar los guantes. ¿Después del contacto con el paciente y antes de llevar afuera la cuña? ¿Antes de abrir la máquina? ¿Después?

Pregunta:
En su póster menciona que entre el 4 y el 21 % de las infecciones hospitalarias se deben al manejo inadecuado de los utensilios de los pacientes. ¿De dónde vienen estas cifras?

Gertie van Knippenberg-Gordebeke:
De mi propia encuesta que hice en el año 2010. En aquella ocasión envié un formulario a mis colegas en hospitales de todo el mundo y de las respuestas determiné esta cifra alarmante.

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Gertie van Knippenberg-Gordebeke aboga por que los utensilios de los pacientes sean clasificados como productos médicos semicríticos. En tal caso, sería absolutamente indispensable la limpieza en una máquina como la que se aprecia en esta fotografía. Foto: Meiko 




Entorovirus D68, causa doença respiratória grave, há 130 casos confirmados nos EUA.

Em 10 de setembro de 2014, os Estados Unidos informaram a Organização  Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial de Saúde  (OPAS / OMS), sobre   um surto de doença respiratória grave associado com Enterovirus D68 (EV-D68). A partir de 16 de setembro de 2014, 130 casos confirmados em laboratório de EV-D68 foram reportados em 12 estados dos Estados Unidos: Alabama, Colorado, Illinois, Indiana, Iowa, Kansas, Kentucky, Louisiana, Missouri, Nova York, Oklahoma e Pensilvânia. As investigações sobre suspeitas de casos em muitos outros estados estão em curso.

EV-D68 é identificado através de técnicas moleculares em um número limitado de laboratórios em  infecções  enterovírus, incluindo EV-D68, não são de notificação obrigatória nacional, mas detecções de laboratório de enterovírus e parechovirus  são reportados voluntariamente ao Sistema Nacional de Vigilância, que é gerida pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Atualmente, não existem vacinas disponíveis ou tratamentos específicos para EV-D68 e atendimento clínico é favorável. Os sintomas da EV-D68 podem incluir febre, coriza, espirros, tosse e corpo e dores musculares. Os indivíduos com condições pré-existentes, como asma ou outras doenças respiratórias, podem ser particularmente propensas a infecções graves da EV-D68 e podem ter dificuldade em respirar ou têm respiração ofegante.

Fonte: Organização Mundial da Saúde




Probablemente, el tratamiento manual de utensilios sanitarios se prohibirá poco a poco

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Jim Gauthier cuenta con una carrera sin igual de especialista en higiene.
El «Infection Control Practitioner» del Providence Care de Kingston, Ontario (Canadá), también es responsable en dicho hospital de la capacitación profesional, la vigilancia y la gestión de brotes y, desde 2007, es profesor de la Present Queen’s University. Y Jim Gauthier no es un desconocido en el foro internacional de la higiene hospitalaria. Hace poco, dio una conferencia en el congreso más reciente de la International Federation of Infection Control (IFIC) en Malta. Su tema fue la atención aún insuficiente dedicada
a la eliminación de excreciones humanas. Hablamos con el experto sobre la importancia que tienen los especialistas en higiene en Canadá, sobre las directivas y sobre sus deseos en cuanto a una higiene hospitalaria segura. 

Pregunta:
¿Cómo es la situación en Canadá? ¿Qué tan difícil es encontrar per- sonal cualificado para el cuidado de enfermos y ancianos?

Jim Gauthier:
En general, no es muy difícil. En Canadá, más bien nos vemos obli- gados a enfrentarnos al problema de la falta de médicos. Sin em- bargo, hay una excepción: los especialistas en higiene son muy escasos. Básicamente todo el personal de enfermería, las enfer- meras y los asistentes técnico-sani- tarios dedicados a la asistencia de enfermos pueden ostentar el título de especialista en higiene. Mientras dominen los fundamen- tos y amplíen sus conocimientos se les considera especialistas en higiene. En Norteamérica hay una certificación reconocida deno- minada CIC («Certified in Infec- tion Control»), la cual certifica conocimientos mínimos en mate- ria de control de infecciones.

Pregunta:
¿Depende esto del hecho de que un especialista en higiene no tiene ventajas reales en el trabajo cotidiano?

Jim Gauthier:
¡Correcto! Las enfermeras no ganan más si realizan las tareas de los especialistas en higiene. La única ventaja es que los horarios de trabajo son un poco más agradables, dado que las labores generalmente se efectúan durante las horas normales de trabajo y no los fines de semana. Sin embargo, algunos especialistas en higiene tienen turno de guardia.

Pregunta:
En su conferencia con motivo del congreso IFIC en Malta (“VRE and CDI…soiling of the environment… time to stop”) habló principal- mente sobre el tema de la elimi- nación de los excrementos de pa- cientes, que en el ámbito de la sanidad frecuentemente ocasionan contaminaciones. En Canadá se aplican varios métodos al respec- to: los maceradores para eliminar utensilios sanitarios desechables o los desinfectadores térmicos para utensilios reutilizables. En algunos lugares, los utensilios sanitarios incluso se limpian a mano. ¿Por qué no se ha estandarizado este proceso?

Jim Gauthier:
Una estandarización seguramente sería conveniente, y lamentable- mente no le puedo decir por qué no se ha implantado desde hace tiempo. Mirando de cerca la forma en la que la Canadian Standards Association (CSA) está desarro- llando sus decisiones, podemos deducir que el tratamiento manual de utensilios sanitarios probable- mente se prohibirá paulatinamen- te. Así, por ejemplo, de los cuartos sépticos se dice lo siguiente:

«(o) Para limpiar las piezas no se utilizarán tubos pulverizadores. Los dispositivos empleados para eliminar la suciedad gruesa de- berán reducir a una cantidad míni- ma la aerosolización de partículas en suspensión.

(r) Para los desechos de los pa- cientes se pondrán a disposición los dispositivos de eliminación co- rrespondientes (p. ej. maceradores o pilas con enjuague lateral). Si se emplean pilas cónicas, es necesario que estas estén diseñadas de modo que recojan todas las gotas. Los elementos de mando tienen que estar dispuestos de manera que no entren en contacto con la suciedad. (s) Se pondrá a disposición un desinfectador que se ajuste al desarrollo funcional.»

Por lo demás, soy de la opinión de que las labores de limpieza no forman parte de las competencias principales de la asistencia sanitaria.

Pregunta:
Mientras no haya directivas de la CSA, ¿quién decide cómo se han de tratar los utensilios?

Jim Gauthier:
Esto se maneja de forma muy variada en las diferente provincias de Canadá, y en ello radica el verdadero problema.

Pregunta:
En su función de especialista en higiene frecuentemente se le pide que hable en eventos celebrados a nivel local, regional o nacional sobre el tema de la prevención y el control de infecciones. Además colabora con las autoridades pro- vinciales y federales en materia de educación y homologación pro- fesionales. ¿Significa esto que se atribuye mayor importancia al tema del control de infecciones? ¿Cómo ofreció sus servicios para esta tarea?

Jim Gauthier:
Como especialista en higiene que trabaja in situ es muy difícil influir sobre la sanidad a nivel federal. Por esta razón, no creo que haya cambiado la importancia que tiene el control de infecciones. Además, después de la aparición del SARS, todos los niveles admi- nistrativos revisaron las medidas de control y prevención de infec- ciones. Llevo trabajando ya 25 años en mi profesión y también me dedico a dar clases. Por lo visto, ya todo mundo se ha enterado de que sé muy bien de lo que estoy hablando. Y puede ser que mi sentido del humor contribuya a que la gente se acuerde de mis conferencias…

Pregunta:
Si tuviera tres deseos, ¿qué pediría?

Jim Gauthier:
Desearía una mayor estandari- zación por parte del gobierno de nuestra provincia. Se debería dar más importancia a las reco- mendaciones de los subcomités de los distintos ministerios. En vista del hecho de que la población es cada vez mayor, es fundamental facilitar mucho más dinero para los empleados a tiempo completo. Mi mayor deseo es tener disponibles fondos suficientes para renovar nuestra infraestructura, en parte obsoleta.

Pregunta:
Con el aumento de la resistencia antibiótica nuestras armas en la lucha contra las enfermedades infecciosas son cada vez más dé- biles. ¿Qué significa esto para usted como especialista en higiene?

Jim Gauthier:
Necesitamos mejores estrategias para el empleo racional de anti- bióticos (antibiotic stewardship). A tal efecto, cada vez más ins- tituciones canadienses cuentan con programas y colaboradores especiales, pero estas medidas serían necesarias a nivel mundial. De momento solo hay un enorme vacío. También tenemos que pro- teger aún más el medio ambien- te de los excrementos de los pa- cientes, pues es justo en ellos donde en la mayoría de los pa- cientes se encuentran los orga- nismos resistentes. Por último, hay que mencionar que también la higiene de manos de los pacien- tes es un componente que no se debe subestimar cuando se trata de la seguridad de cada uno de nosotros.

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Llamémoslo simplemente Performance Feedback…

Dónde los demás hablan de control, el Dr. Andreas Voss (foto) lo denomina «Performance Review». Y sus argumentos son convincentes, cuando aboga por registrar procesos en las clínicas, incluso con cámaras, para poder comprobar luego si se han cometido errores. Andreas Voss tiene la cátedra de prevención de infecciones en la clínica universitaria de la Universidad Radboud de Nimwegen, en los Países Bajos y es médico especialista en microbiología clínica en el hospital Canisius-Wilhelmina. El Dr. Voss es uno de los expertos europeos más importantes en el ámbito de la higiene hospitalaria y de infecciones, con un especial interés en la epidemiología de la resistencia de antibióticos e higiene de las manos. Hablamos con él sobre las posibilidades de la higiene en Europa, sobre la reducción de la complejidad en la prevención de infecciones y sobre el papel de los especialistas en higiene en los Países Bajos. 

 

 

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El Catedrático Dr. Andreas Voss, de los Países Bajos, es uno de los expertos europeos más importantes en el ámbito de la higiene hospitalaria y de infecciones. Foto: personal 


Pregunta:
En verano, el European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC) publicó cifras que mues- tran que en los hospitales selec- cionados de los Países Bajos, el 7,4 % de los pacientes se infectan con gérmenes hospitalarios y en Alemania solamente el 5 %. ¿Qué está cambiando en estos momen- tos? ¿Significa esto que el país modélico europeo está relajando esfuerzos en cuanto a la higiene hospitalaria o es que Alemania está ganando terreno?

Dr. Andreas Voss:

Hay también otros datos que cam- bian totalmente esta imagen: en los Países Bajos menos del 5 % de infecciones nosocomiales en los hospitales no universitarios y aproximadamente el 6 % en los universitarios. Aquí, en el hospital Canisius-Wilhelmina de Nimwegen tenemos una tasa del 2,8 %. Estas cifras tienen sobre todo algo en común: un problema de defini- ción. En cada uno de los países de Europa, los criterios de recogida de datos son diferentes, lo que pro- voca que el estado de la situación sea completamente insuficiente. Pero para contestar a su pregunta: En los últimos años, los alemanes han hecho esfuerzos enormes para disminuir la tasa de infeccio- nes. Y como siempre cuando los alemanes hacen algo, lo realiza- ron muy minuciosamente, con el resultado de que la higiene hospi- talaria ha mejorado muchísimo.

Pregunta:
Sally Davies, la funcionaria con más alto grado en el área de sanidad en Gran Bretaña, dijo en una entrevista: «La amenaza pro- veniente de agentes patógenos multirresistentes gramnegativos es tan seria como el terrorismo. ¡Una pesadilla!» ¿Qué opina de la situación?

Dr. Andreas Voss:
Evidentemente tenemos que to- marnos mucho más en serio los agentes patógenos gramnegativos que el MRSA. El origen de todos los males es otro completamente diferente. Las resistencias que estamos viendo hacen patente la implicación de la cría de animales.

Pregunta:
¿Es verdad que los gérmenes resis- tentes que aparecen en la cría de animales provienen del ser huma- no? ¿Significa esto que las denun- cias al creciente suministro de anti- bióticos en la cría de animales van por mal camino?

Dr. Andreas Voss:
Durante muchos años no hemos reconocido realmente la interac- ción entre los hombres y los animales. Y ella tiene lugar por los medios más diversos. Lo que no deberíamos hacer es condenar a los granjeros. Lo único que ellos quieren es tratar bien a sus animales. Tenemos que entonar el mea culpa, cuando pedimos aquí, en Holanda, duros a tres pesetas. Pagar un euro por un kilo de carne significa también cargar con un poco de culpa.

Pregunta:
En el proyecto EurSafety Health-Net su tarea consiste en garantizar la creación de una red, así como la transferencia de conocimientos en la zona Euregio llamada Rhein- Waal. También tiene usted la fama de ser un especialista que ve cómo muchos esfuerzos caen en saco roto porque las personas solo modifican su conducta ex- cepcionalmente. Por eso usted apuesta por la vigilancia. ¿Es este el camino correcto?

Dr. Andreas Voss:
Las compañías aéreas también supervisan a sus pilotos y el Estado vigila la industria cárnica, sin que nadie se queje. En los hos- pitales aceptamos de mala gana las auditorías, pero solo deben realizarse sobre las personas. Tene- mos una cierta animadversión con- tra los aparatos electrónicos. En general, los trabajadores de las clínicas tienen reticencia a cosas tales como Performance Review. No deberíamos mirar solamente las cifras, sino también la forma de actuar. La instalación de una cámara en el quirófano que nos muestra el comportamiento correcto de todo el equipo, sería una forma real de mejorar la calidad. En estos momentos es lo que estamos probando en los Países Bajos y también en nuestro hospital tenemos la autorización para ello. Llamémosle simple- mente Performance Feedback al problema que tenemos de que nos vigilen cómo trabajamos. Por cierto, los conductores de camiones no se lo pueden permitir. Se les vigila a través de GPS y a todo el mundo le parece bien. Si tras 36 horas de trabajo, un médico tiene que abrirle a usted el abdomen, al primero no le parece normal que le supervisen, ni a él, ni a su capaci- dad de rendimiento. Estoy seguro de que en este aspecto va a haber un cambio de mentalidad por la presión que ejercen los pacientes.

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Pregunta:
Usted aboga además por una nueva estrategia mucho más sencilla. Quiere reducir la canti- dad de normas relacionadas con las infecciones en un 50 %. ¿Se puede realmente simplificar un tema tan complejo simplemente por reducción?

Dr. Andreas Voss:
Por descontado que no es todo tan sencillo. Pero créame: ¿Piensa que son más útiles 50 normas que nadie conoce, que diez muy conocidas? Hoy en día las personas creemos que lo hemos de escribir todo. Y sería suficiente si hiciésemos entender a las personas los principios básicos. Por ello, en nuestro hospital hemos creado una app para todos los trabajadores y que lo ha financia- do una empresa de seguros. Es una app sobre higiene que tiene una variante para el hospital, otra para los médicos de cabecera y otra para los países en desarrollo. Hoy en día, la técnica es sexy. Así pues, usémosla para explicar contenidos a la gente. Como decimos en Holanda, solamente sirve lo que entra por los oídos.

Pregunta:
En lo que al proyecto Euregio se refiere: ¿Cómo valora su progreso? ¿Debería ampliarse?

Dr. Andreas Voss:
Antes era muy pesimista en los que a proyectos financiados por Europa se refiere. Hoy en día soy un poco más optimista, por no decir que estoy completamente convencido de que los proyectos regionales internacionales son realmente muy útiles. Ese cambio tiene que ver con mi compañero Alexander Friedrich, que ha pues- to tanto empeño en tirar hacia delante el proyecto Euregio. En el mundo de hoy se han elimina- do muchas fronteras, por lo que seríamos muy tontos si las mantu- viéramos en nuestras cabezas. Sería muy útil aprender de nues- tros vecinos más directos. En lo que a Europa en su totalidad se refiere, opino: somos demasiado diferentes. Por eso los resultados del ECDC no me convencen.

Pregunta:
¿Qué papel cree que juegan los especialistas en higiene holande- ses? ¿Disfrutan dichos especialis as de este estado, tan mere- cido, o debería ser más valo- rado? ¿Hay países en Euro- pa que puedan servir de ejemplo?

Dr. Andreas Voss:
En mi opinión, en nuestro país gozan de un reconoci- miento social muy alto, y bien merecido. Nuestros es- pecialistas en higiene desem- peñan su papel de forma excelente, y eso que sus estu- dios son más cortos que en Alemania. El quid de la cues- tión es si tenemos suficien- tes médicos especializados en higiene y suficientes es- pecialistas en el tema. Y la respuesta es: ¡no! De los paí- ses escandinavos podríamos aprender mucho y también de Suiza. En Gran Bretaña desgraciadamente, están muy ocupados escribiendo cifras, lo que les impide rea- lizar un magnífico trabajo.

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Notable reducción de la tasa de infecciones gracias a la instalación de lavachatas

girl2Carmen Soria (en la foto) lleva el control de infecciones en el Hospital Luis Vernaza, en Ecuador. Esta joven médica e infectóloga es, además, miembro del comité orga- nizador del IX Congreso Panamericano de infecciones intrahospitalarias y del I Congreso Internacional de infecciones asociadas a cuidados de la salud, el principal congreso sobre higiene en Latinoamérica, que se celebra cada dos años. Hablamos con Carmen Soria sobre la importancia de la higiene hospitalaria en su país, sobre las mejoras que aportan los nuevos lavachatas y los protocolos de higiene, así como de sus razones personales por las que decidió intervenir en el control de infecciones.

Pregunta: ¿Cómo es la situación general del suministro de agua potable en Ecuador y cómo calificaría usted la importancia de la higiene hospitalaria en este contexto?

Carmen Soria: En la actualidad, casi todos los habitantes de nuestro país tienen acceso al agua potable. En este sentido ha habido importantes mejoras que revierten sobre todas las capas sociales. Esto se aprecia ya a nivel local y es más latente en el campo hospitalario, donde que el uso de instalaciones de filtraje, en algunos casos, o el tratamiento con cloro han aumentado nota- blemente la calidad del agua. Todo ello ha mejorado también la higiene hospitalaria, sobre todo, en clínicas altamente especializadas, que ya han implementado siste- mas de control de infecciones que incluyen el tratamiento de agua.

Pregunta:¿Por qué razón decidió consagrar su trabajo al campo de la higiene hospitalaria? ¿Qué es lo que más le atrae de él?

Carmen Soria: El control de las infecciones es mi pasión, podría estar hablando de ello horas enteras sin aburrirme. La decisión de dedicarme al control de infecciones fue la consecuen- cia lógica de mi trayectoria profesional. Sin embargo, cuando uno empieza a profundizar en este terreno, descubre que hay muchos aspectos y situaciones que solo se enfocan desde el punto de vista puramente científico. Por otro lado, hay gran cantidad de situaciones en los que el ser humano, inmerso en su estructura psicosocial, des- empeña un papel decisivo a la hora de implementar las distintas medidas. Por eso estoy conven- cida de que el éxito de estas medidas depende tanto de los conocimientos científicos como de la actitud de cada individuo. Lo que me fascina es precisamente esta diversidad.

Pregunta:En su hospital no solo han insta- lado lavachatas, sino que han implementado además un proto- colo de higiene. ¿Qué cambios se han manifestado a raíz de estas medidas?

Carmen Soria:En el hospital Luis Vernaza, en el que yo trabajo, se han tomado muchas medidas encaminadas a mejorar la calidad en el trato con los pacientes. En algunas unidades se han instalado lava- chatas que mejoran la desinfec- ción de los utensilios sanitarios y que permiten, a la vez, reducir las tareas del personal en estos procesos, lo que conduce a una mejora general de los ciclos de trabajo. Ha habido cambios a todos los niveles. Hemos reducido la tasa de infecciones hospitala- rias y la contaminación cruzada, causada por microorganismos multirresistentes. Esto adquiere una importancia especial en las unidades más sensibles, por ejemplo, en aquellas en las que se trata a pacientes con quema- duras graves.

Pregunta: ¿Cuáles son los tres principales objetivos que tiene su hospital en el campo de la higiene?

Carmen Soria: Queremos reducir la transmisión de microorganismos multirresis- tentes y, sobre todo, prevenir las infecciones, especialmente en el personal hospitalario y en los pacientes.

Pregunta:

Usted forma parte del comité organizador del principal con- greso sobre Higiene en Latino- américa. ¿Cuáles son sus tareas y objetivos?

Carmen Soria: Actualmente ocupo la presidencia del IX Congreso Panamericano de infecciones intrahospitalarias y del I Congreso Internacional de infecciones asociadas a cuidados de la salud y soy responsable de su organización. Mi tarea consiste en organizar dicho congreso y fomentar el intercambio mutuo de conocimientos y experiencias, tanto en nuestro país como a nivel continental. Para esta meta contamos con conocimientos cien- tíficos, adaptados a la situación de nuestros países.

Pregunta: ¿Qué valor se les da a los especia- listas en higiene en el continente y qué papel desempeñan en un hospital?

Carmen Soria: Aunque hasta ahora se trata de una rama profesional poco desarrollada en algunos de nues- tros países, los especialistas en control de infecciones van adqui- riendo cada vez más importancia, ya que intervienen en gran medi- da para mejorar el trato a los pacientes, para ofrecerles unas instalaciones seguras y garanti- zarles un servicio de alta calidad.

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Su código cultural es: «¡Salvar vidas!»

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Quiere devolver a las personas lo que él mismo recibió cuando se mudó de su India natal a los Estados Unidos: la oportunidad de una vida mejor. El Dr. Chandrakant
S. Ruparelia (en la foto) es médico y Senior Technical Advisor [asesor médico principal] en la organización de la salud internacional sin ánimo de lucro Jhpiego, que está adscrita a la Universidad Johns Hopkins y que tiene su sede en Baltimore.

La organización está presente en más de 50 países y lucha contra las muertes evitables de mujeres y sus familias. La familia de Chandrakant S. Ruparelias también vive en Baltimore. Sin embargo, pasa la mayor parte de su tiempo viajando. Se siente prácticamente en casa en el continente africano. Sin embargo, de vez en cuando, también trabaja en la India, pero siempre donde las mujeres y los niños luchan por sus vidas, ya sea en el contexto del VIH/SIDA, las enfermedades de madres e hijos o la prevención y el control de infecciones. Jhpiego se emplea a fondo desde hace 40 años en un cometido: salvar vidas. La redacción de «Hygiene for the World» habló con Chandrakant Ruparelia durante la conferencia ICPIC en Ginebra sobre su trabajo y su organización.

Pregunta: ¿Por qué Jhpiego se preocupa principalmente de las mujeres? ¿No sería más lógico empezar con los hombres, ya que estos son los que tienen el poder con más frecuencia en las familias en los países en vías en desarrollo?

Chandrakant S. Ruparelia: Es cierto que hacemos mucho por las mujeres: informamos sobre la anticoncepción, intentamos hacer que los partos sean más seguros, reducir la mortalidad infantil y prevenir el cáncer cervical. Pero eso no quiere decir que los hombres no puedan beneficiarse de nuestro trabajo. También animamos a recurrir a nuestros servicios y a obtener el mayor beneficio de los mismos. Por supuesto, también necesitamos la aceptación de los hombres en la labor que realizamos para las mujeres. Buscamos constante- mente maneras para incluirles. Esta es una parte muy importante de nuestro trabajo en todos los países. En Nigeria, por ejemplo, designamos a asesores de salud que son hombres para discutir la planificación familiar con los esposos y los parientes varones y en la India los hombres son el primer punto de contacto sobre esta cuestión. Les explicamos la importancia de una distancia adecuada entre los partos para la madre, el bebé y la familia entera.

Pregunta: Usted mismo procede de la India y trabaja con frecuencia en este subcontinente. A diferencia de África, los estándares aquí ahora son muy diferentes. ¿Qué significa para usted su trabajo?

Chandrakant S. Ruparelia: Adaptamos los estándares en función de la situación que nos encontramos en nuestro trabajo. Sin embargo, somos inflexibles cuando se trata de la aplicación de las mejores prácticas basadas en evidencias científicas sólidas. La India ha evolucionado en los últimos diez años a un ritmo verti- ginoso pero aún queda mucho por hacer. Muchas instituciones privadas ya han alcanzado un nivel muy alto en la atención sanitaria y en la higiene y parece que los centros de salud pública van a seguir también este rumbo.

Pregunta: ¿Hasta qué punto es difícil hacer que se muevan las cosas en el ámbito de la atención sanitaria en estos países?

Chandrakant S. Ruparelia: Hay que superar grandes obstá- culos para lograr un consenso político, como en casi todos los países. ¡La única estrategia posible se debe basar en que un sistema quiera cambiar de verdad!

Pregunta: Una de sus principales tareas es la de mejorar el control de la infecciones. ¿Trabaja en este campo con la OMS?

Chandrakant S. Ruparelia: Utilizamos las directrices técnicas de la OMS para alcanzar los estándares. Pero esto lo hacemos básicamente en todos los países en los que operamos. La OMS es siempre nuestro socio a nivel técnico.

Pregunta: Sus objetivos son la educación, lograr cambios en el comporta- miento y la transmisión de conoci- mientos a través de los cursos de «formación de formadores». Sin embargo, su opinión es que solo se pueden lograr resultados significativos si se sabe cómo tratar el «código cultural» de la población de un país. Supongo que sabe cómo las personas reaccionan a ciertos temas…

Chandrakant S. Ruparelia: Eso es cierto. Si queremos cambiar el comportamiento en el ámbito de la atención sanitaria en un país en vías de desarrollo, tenemos que adaptar nuestra comunica- ción, nuestros mensajes al código cultural con la mayor eficiencia posible. Es por ello que recomien- do encarecidamente a todo el mundo el libro The Culture Code de Clotaire Rapaille. El antropó- logo y experto en marketing ha demostrado a muchas empresas, por qué vivimos así, compramos y amamos de la manera en que lo que hacemos y por qué otros pueblos se comportan de forma completamente diferente. Si considerásemos estos conocimientos en nuestras actividades médicas y de ayuda al desarrollo, muchos de nuestros esfuerzos tendrían sin duda más éxito.

Pregunta: ¿Nos podría dar un ejemplo al respecto?

Chandrakant S. Ruparelia: ¡Basta con echar un vistazo a un barrio pobre indio! ¿Cuál cree que puede ser el papel de la higiene de manos si ni siquiera tienen agua potable? Tenemos que averiguar cómo podemos ayudar a la gente para que pue- dan practicar la higiene de manos incluso en estas circunstancias. Y para ello tenemos que conocer el código cultural que determina su comportamiento en relación con la higiene de manos.

Pregunta:¿Cuál es su «código cultural» personal?

Chandrakant S. Ruparelia: ¡Lograr un impacto y salvar vidas!