Eletrocirugia: possíveis erros na hora de realizar o procedimento
Conversamos com Osvaldo Barbosa para pontuar o que pode ter saído errado na cirurgia que ocasionou queimaduras em um bebê após a explosão do aparelho.
Recentemente tivemos um triste caso ocorrido no Hospital da Baleia, que fica na região leste de Belo Horizonte. Um bebê acabou sofrendo queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau no rosto, ombro e olho direito enquanto passava por uma cirurgia para retirada de um cisto no olho quando o aparelho conhecido por “cautério elétrico” explodiu.
Segundo o hospital, uma perícia técnica foi realizada no dia do fato, não sendo constatado falhas no equipamento, uma vez que o mesmo estava com manutenção em dia. Sendo assim, as causas do incidente estão sendo investigadas.
Esse caso serve para alertar sobre a importância de cuidados específicos na hora de realizar procedimentos. Por isso, conversamos com Osvaldo Barbosa, que em 2015 apresentou sua dissertação à Universidade Federal de São Paulo com o tema: “Riscos de lesões decorrentes de posicionamento cirúrgico e procedimentos eletrocirúrgicos: investigação do conhecimento do enfermeiro.” Barbosa comentou alguns pontos importantes, em vista que frente a pesquisa realizada para a dissertação do mestrado, estudos sobre o tema e acompanhamento em processos de auditoria para identificar a causa de diversos eventos adversos, foi construído um significativo conhecimento sobre procedimentos eletrocirúrgicos.
Segundo ele, ao relatar que ocorreu explosão do “cautério elétrico”, mesmo com o relato do hospital que o equipamento estava com as manutenções realizadas, sugere-se que ocorreu a explosão no acessório utilizado (eletrodo ativo/caneta de cautério), provavelmente devido a exposição de inflamantes (oxigênio de uso continuo-durante o procedimento), caso tenha prescrição, pois não foi relatado este nível de detalhe. Ou até mesmo o contato próximo deste acessório com residual antissepticos cirúrgicos.
Sobre as regiões queimadas, Barbosa pontua: “sugere-se resíduo ou permanência de antissépticos no dorso do bebê. Visto que, outra causa destas queimaduras no dorso dos pacientes podem ocorrer através do contato de proeminências ósseas com partes metálicas. Vamos aguardar o andamento do processo para que possamos validar a origem deste evento adverso, onde esperamos também que seja elaborado pela instituição um protocolo para procedimentos eletrocirúrgicos com objetivo de evitar novos casos”, finaliza.
Currículo Osvaldo Barbosa
Enfermeiro e Administrador Hospitalar.
Mestre em Ciências da Saúde.
Docente na UNISA – Universidade de Santo Amaro.
Consultor em Gestão Estratégica na Saúde.