Artigo retrata a enfermagem moderna onde enfermeiros sentem-se assediados ou desvalorizados
Quando valorizamos a profissão e o profissional, estamos agregando qualidade.
O artigo PORTRAIT OF A MODERN NURSE SURVEY FINDS HALF NURSES CONSIDER LEAVING THE PROFESSION, fala sobre enfermeiros que trabalham e sentem-se assediados ou desvalorizados. É um retrato da enfermagem moderna a partir de uma pesquisa feita que revela que metade dos enfermeiros consideram largar a profissão. Nos dias de hoje, é cada vez mais comum enfrentar esse tipo de situação, seja a área que for.
Convidamos a professora aposentada da Escola de Enfermagem da USP, enfermeira, consultora de imagem e visagista, Ana Cristina Mancussi, para escrever sobre o artigo e discorrer a respeito do tema.
Disponibilizamos o PDF do artigo para download AQUI
Por Ana Cristina Mancussi e Faro
E num piscar de olhos, o tempo passa. Muitas mudanças, comunicação em tempo real, globalização, o mundo está em plena ebulição, agitação.
E por que não as perspectivas de vida pessoal e profissional, se vivemos inseridos nesta dinâmica?
Assim, como um filme, nossa vida passa rapidamente e marcamos presença pela busca, às vezes desenfreada, de mais qualidade, menos quantidade, de reconhecimento e viver.
A livre expressão e a comunicação em tempo real nos permitiram acessar conteúdos que podem melhorar o nosso viver.
A dinâmica é outra e vale para tudo: das relações interpessoais, familiares, amorosas e afetivas, bem como, as relações de trabalho e profissionais.
Tanto que uma palavra chave que define estes tempos é Relação, de alguém com alguém, de fatos, de possibilidades, de oportunidades.
A visão ampliada e as relações em voga possibilitam maneiras diferentes de acesso aos conteúdos, ao conhecimento, de apropriação deste e de aprendizado. Aprender está diferente.
Com tal dinâmica, a vida tem se apresentado por ciclos e mais breves, as escolhas têm outros critérios e assim vamos.
A Enfermagem, ciência, prática clínica de cuidados, tem seu corpo de saber e de prática claramente delimitados legalmente.
O fato de relatarem ou sentirem-se, segundo este paper, sobrecarregadas, ou não aproveitarem mais a profissão, cansadas, ao ponto de deixarem a profissão, pode ser lido como a necessidade de se estabelecer novas relações na profissão, tradicionalmente um cuidado, ensino e gerenciamento relacional.
Arejar as relações na Enfermagem, oxigenar ainda mais, rever e, primordialmente, compreender os motivos pelos quais estes enfermeiros ainda se sentem desrespeitados por seus colegas, administradores e outros profissionais de saúde, é um desafio e tem sido estudado.
Atualmente, temos novos tratamentos para antigas e as mais recentes doenças, novas perspectivas de atuação dentro e fora da Enfermagem.
As pessoas, na Enfermagem ou não, buscam por qualidade de vida, por dinamismo e atualização.
Há que se compreender e não se indignar com o fato de deixar uma profissão uma vez que, nestes tempos, e com as relações sendo atônica ou o eixo norteador do saber e fazer, considerar que as pessoas têm liberdade de escolha e encerram ciclos, os quais já não são mais tão longos.
Mudam seu estilo de vida, seu estilo pessoal e suas perspectivas por questões próprias, familiares, sociais, econômicas e financeiras.
Estaria, este fenômeno de suposto abandono da profissão, ocorrendo somente na Enfermagem? É preciso ampliar os horizontes.
Com as crises e mudanças em previdência, se faz necessário rever a formação profissional.
Forjar profissionais para trabalhar como empregados em grandes setores e empresas, bem como para serem os empreendedores nestes mesmos grandes setores e empresas ou até em novos locais, são perfis diferentes de atuação profissional.
Formação cosmopolita para empreender, alavancar e projetar seus próprios meios, contribuir com o desenvolvimento da sua profissão e da sociedade.
É possível escolher, e novamente escolher, mudar, transformar, adaptar e empreender novos rumos para uma profissão com foco na qualidade de vida pessoal e profissional.
Nada que nos assuste mudar de profissão ou de área na mesma profissão, nada tão compartimentalizado, mas um novo olhar, uma formação moderna-relacional e o empreendedorismo, são fundamentais para a saúde de qualquer profissão, seja ela tradicional ou as emergentes.