24/06/2013 – A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO DE EM UM CENTRO DE REPRODUÇÃO HUMANA
A enfermagem que atua em reprodução humana assistida tem funções amplas, tanto no aspecto técnico, quanto ao apoio aos casais no aspecto psicológico.
Atendemos homens e mulheres que buscam por um filho. Eles estão diante de um sonho e muitas vezes de diversas tentativas frustradas anteriores. Sofrem a cobrança da família e amigos, gerando mais ansiedade diante de tantas etapas.
O processo da fertilização in vitro traz ao casal e principalmente às mulheres, desgastes físicos e psíquicos por terem que comparecer a inúmeras consultas para realização de exames, controle de ovulação com o ultrassom. Outros fatores contribuem para este cansaço como a aquisição das medicações, preocupação com a aplicação correta das medicações, com os possíveis e temidos efeitos colaterais da grande carga de hormônios, até chegar o momento de ir ao centro cirúrgico para realizar a punção dos óvulos.
No centro cirúrgico de um centro de reprodução humana, o enfermeiro vive em constante estresse, onde além da habilidade do gerenciamento de um ambiente seguro e confortável para os pacientes e para os profissionais, é também responsável pela organização, limpeza e esterilização de artigos.
Outra questão, não menos importante, é o dimensionamento do horário de salas cirúrgicas que deve ser cuidadosamente agendado, pois as pacientes são preparadas com medicações utilizadas com hora marcada e que interferem nos horários dos procedimentos, podendo haver o risco de ovulação antes das punções dos ovários, o que comprometeria todo o tratamento.
A enfermagem dá o suporte necessário às pacientes nesta importante etapa do tratamento. Seu papel é fundamental. As pacientes são recebidas em um ambiente pouco familiar e a princípio amedrontador. Existem o medo da anestesia, a expectativa e a ansiedade da captação dos oócitos e que após alguns dias finalmente haja a transferência de um embrião. Ficam em um ambiente diferente da sua realidade e longe de seus familiares. Despidas, são obrigadas a expor sua intimidade a pessoas desconhecidas e pelas quais devem imediatamente sentir-se amparadas. Tudo se soma para que o quadro de ansiedade da paciente só piore.
A primeira pergunta que nos fazem, meio sonolentas, ainda sob o efeito da anestesia é: “Quantos óvulos foram captados?”. Não querem saber de mais nada!
Passados alguns dias, agora já na transferência do embrião, não há necessidade de nova anestesia, os medos diminuem, porém existem as expectativas com relação à implantação do embrião no útero e a tão sonhada gravidez.
Estudos mostram que a chance de uma mulher infértil apresentar estresse é três vezes maior que uma mulher que não apresenta dificuldade de engravidar (Moreira et al, 2006). A dificuldade de conceber gera no casal uma série de sentimentos como a insegurança, desconhecimento, desespero, incerteza, dor, revolta, ansiedade, tensão e frustração (Maldonado & Canella, 1981). Neste cenário, onde a enfermagem torna-se, muitas vezes, o primeiro ponto de apoio, e devemos estar preparados para isso.
Cuidar é antes de tudo um processo de comunicação, seja ele verbal ou não verbal. O importante para pessoas que estão fragilizadas diante de tantas incertezas é ter profissionais que se sensibilizam em um momento tão significativo, expressando gestos de apoio e compreensão. Muitas vezes essas pessoas não precisam de palavras e sim um simples toque, transmitindo a sensação de ter alguém ao seu lado.
Enfª Andréa Pegoraro – Enfermeira Coordenadora do Centro Cirurgico/CME no Instituto Ideia Fértil
Mestranda em Ciências da Saúde
Pós Graduação em Centro Cirurgico e Obstetrícia