Entrevista com Daniela Bischler

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A nossa entrevistada de hoje é Daniela Bischler da empresa MEIKO.

Desde há quatro anos ela é representante na América Latina do fabricante alemão de equipamentos de limpeza e desinfecção. Daniela possui formação em consultoria de dispositivos médicos e é especializada em higiene hospitalar, particularmente na eliminação adequada de excreções de pacientes de acordo com o estado atual do conhecimento científico.

A MEIKO possui mais de 80 anos de experiência na área de limpeza e desinfecção e, claro, na lavagem de utensílios. No ramo, a empresa é reconhecida como sendo um dos líderes tecnológicos, orientada à assistência técnica e aliada à proximidade ao cliente. Nós falamos com Daniela Bischler sobre soluções para a preparação de utensílios de enfermagem, sobre normas, diretrizes e diferentes padrões nos diversos países.

Pergunta: Sabemos que alguns hospitais no Brasil processam utensílios de enfermagem, tais como comadres, papagaios e frascos de aspiração na Central de  Material e Esterilização, oque não deveria ocorrer. Trata-se de uma particularidade brasileira e como é feito esse trabalho em outros países?

Daniela Bischler: Nos anos em que fui reunindo minhas experiências na América Latina constatei que o Brasil, realmente, constitui uma exceção na América Latina na maneira de tratar utensílios de enfermagem. Normalmente os utensílios de enfermagem são esvaziados no banheiro dos pacientes ou na sala de trabalho de enfermagem, geralmente chamada “ expurgo”, e limpos manualmente. Mas só raramente desinfetados de modo correto. No Brasil, as comadres após a pré-limpeza no expurgo são recolhidas e levadas para a Central de  Material e Esterilização, onde é realizada  uma limpeza principal de forma manual e depois uma esterilização. Na América Latina, a preparação manual dos utensílios de enfermagem em 90% dos casos ainda é o procedimento padrão.

A particularidade no Brasil consiste na esterilização adicional. Isso significa muito trabalho e gastos, ao mesmo tempo que os resultados de estudos mostram que são muitas vezes deficientes, porque já o primeiro passo, ou seja, um resultado de limpeza otimizado, não pode ser assegurado no processo manual, o que, por sua vez, vai afetar toda a cadeia do processo até a esterilização. Para além do fato de que os funcionários, com este procedimento, estão expostos a um risco desnecessário de contágio. Em contraste com a Alemanha, por exemplo, no Brasil não existem diretrizes sobre a preparação de utensílios. Na Alemanha essas diretrizes foram elaboradas pelo Robert Koch Institut (RKI), sendo válidas em todo o país. O RKI aponta para uma limpeza mecânica seguida de desinfecção térmica.

[column][/column]Pergunta: Em muitos países, os equipamentos automáticos de limpeza e desinfecção devem atender aos requisitos da norma DIN EN ISO 15883. Quais são os principais requisitos dessa norma e eles são cumpridos pelos produtos da MEIKO?

 Daniela Bischler: A EN ISO 15883 é uma Norma sobre equipamentos de limpeza e desinfecção. A Parte 3 dessa norma define os requisitos para equipamentos de limpeza e desinfecção para recipientes com fezes humanas (lavadoras de comadres).

Com base nessa norma, os equipamentos de limpeza e desinfecção deverão atender aos seguintes requisitos mínimos:

  • esvaziamento automático dos utensílios – tanto comadres como papagaios – com portas fechadas
  • o controle do programa deve ser automático.
  • dois sensores automáticos de temperatura para regulação e monitoração da desinfecção
  • desinfecção preferencialmente térmica; devem ser evitados produtos químicos
  • os tempos de permanência e as temperaturas devem ser reguláveis.
  • a porta da câmara de lavagem deve estar bloqueada durante todo o ciclo do programa.

 

É claro que os equipamentos da MEIKO cumprem esta norma, o que foi certificado por um instituto independente de testes na Alemanha.

Pergunta: Qual a matéria-prima empregue nos equipamentos?

 Daniela Bischler: Todos os equipamentos e combinações sanitárias da MEIKO são inteiramente de aço inoxidável. Ficou demonstrado que este material é extremamente higiénico, pois é robusto e fácil de limpar.

Pergunta: Quantas etapas integram um ciclo de limpeza? 

Daniela Bischler: Com nossa tecnologia o processo foi automatizado a 100 por cento. Depois de colocar os utensílios nos suportes especialmente desenvolvidos e de fechar a porta da câmara, eles são automaticamente esvaziados em um sistema fechado. Deste modo fica reduzido a zero o risco de contaminação para o usuário, em comparação com o esvaziamento manual. Em seguida os objetos a serem limpos são submetidos a uma pré-lavagem com água fria, a lavagem principal é feita com água quente. A máquina trabalha com água sob pressão através de um sistema de bombas e bocais especialmente desenvolvido pela MEIKO. Por fim, os utensílios bem como a câmara de lavagem são desinfetados com

vapor. Uma vez terminado o programa, as comadres e papagaios estão limpos e desinfetados, podendo ser imediatamente utilizadas nos pacientes.

Pergunta: Qual a temperatura de desinfecção que é alcançada? Como se garante que na fase de desinfecção é alcançado o valor A0?

Daniela Bischler: Primeiro eu gostaria de explicar o conceito de valor A0, uma vez que é praticamente desconhecido em algumas regiões. O valor A0 é uma referência para a destruição de microrganismos no processo de desinfecção com calor úmido. A Ciência reuniu consenso sobre esse valor para determinar a quantidade necessária de calor úmido durante a desinfecção térmica. Explicado de um modo simples, o valor A0 é a temperatura atuante sobre a superfície dos instrumentos ou dos utensílios de modo integrado ao longo do tempo.  Em um processo de desinfecção com calor úmido é de esperar que a temperatura, durante um certo período de tempo, provoque uma destruição previsível dos microrganismos que correspondem a uma determinada resistência. Os equipamentos da MEIKO operam com um valor A0 de 60, o que corresponde, p. ex., a uma temperatura média de 80 °C ao longo de um período de, ao menos, 60 segundos.

Esse controle de temperatura é assegurado por dois sensores de temperatura de comando independente. Em caso de desvio ou de falha de um dos sensores, isso será comunicado e o processo será interrompido.

Pergunta: O resultado da desinfecção pode ser memorizado e impresso?

Daniela Bischler: Esse é um tema que diz mais respeito aos aparelhos para limpeza de instrumentos. Os requisitos gerais para lavadoras de comadres não preveem a memorização geral ou uma impressão do respectivo resultado de desinfecção. Existe a opção de imprimir relatórios de higiene. Neste contexto, para mim é importante chamar a atenção para esta diferença, dado que na prática existem recorrentemente mal-entendidos em relação aos requisitos colocados a uma lavadora de comadres. No entanto, no âmbito da manutenção de nossos equipamentos tem lugar uma validação regular dos resultados de limpeza e desinfecção.

Meu desejo é que seja destacada a importância da preparação automatizada de comadres e papagaios em comparação com o método manual com a finalidade de evitar infecções. Para mim isso seria um importante passo em frente a fim de melhorar substancialmente a situação higiênica nos hospitais.

Pergunta: É utilizado algum produto químico na lavadora, por exemplo um agente saneante de limpeza?

Daniela Bischler: Não. MEIKO é sinônimo de soluções limpas, obtidas tanto quanto possível sob parâmetros ecológicos. Por padrão, nossos dispositivos não necessitam de um produto de limpeza adicional. A situação é diferente no caso de utensílios ou de frascos de aspiração sujos de sangue. Aqui pode ser necessário o uso de um produto de limpeza adicional. O que pode ser adaptado a qualquer momento.

Pergunta: A utilização de racks para utensílios (comadre, papagaio, frasco de aspiração) em termodesinfectadoras  que processam instrumentais cirúrgicos é realidade no seu país e em outros países? Como controlar o risco de contaminação?

 Daniela Bischler: Isso é uma tendência que eu até agora só conheço no Brasil. Como mencionei anteriormente a ISO 15883-3 define que um requerimento para uma lavadora termodesinfectadora para comadres e papagaios é o esvaziamento automático dos utensílios com portas fechadas para evitar a contaminação. Este processo não é possível realizar numa termodesinfectadora para instrumental porque o material deve chegar vazio e pré -lavado antes de colocar nessas máquinas. Voltamos a uma questão significativa da área de Controle de Infecção: como podemos garantir um processo sem nenhum risco de contaminação para o pessoal? Ao automatizar  100% o processo de eliminação dos fezes, desde o esvaziamento até a desinfecção.

Além disso quero insistir que levar uma comadre ou um papagaio até a CME para fazer uma lavagem implica trabalho adicional para o pessoal e gastos para realizar esta gestão. Sem falar do tempo total para processar uma comadre.

A IFIC (Federação Internacional de Controle de Infecção) recomenda contar nos expurgos com lavadoras termodesinfetadoras automáticas para comadres. A ideia do conceito das lavadoras termodesinfectadoras de comadres é descentralizar os processos para aliviar a carga de trabalho na CME  quanto a material que não requer  processamento na CME.[column]

Basic RGB[/column]Pergunta: Existem outros acessórios que complementam o aparelho?

Daniela Bischler: É claro que sim. No desenvolvimento do produto, para a MEIKO é muito importante ter em conta todo o processo de preparação de utensílios de uma forma individual. Por isso, oferecemos soluções completas para os expurgos. Já na fase de planejamento é importante fazer uma diferenciação entre área suja e área limpa.

Na América Latina este ponto é muitas vezes negligenciado, de modo que o expurgo muitas vezes é apelidado, com razão, de sala suja, aliada a uma aparência correspondente. Aqui eu volto ao tema da prevenção de infecções. Só um expurgo bem planejado e organizado poderá, realmente, servir a esse propósito. Tanto na área limpa como na área suja são necessários espaços de armazenamento e prateleiras. Apesar de ser óbvio, muitas vezes isso não é implementado na prática: são necessárias possibilidades para a higienização das mãos do pessoal de enfermagem após o contato com utensílios contaminados. Isso significa pias de mãos e dispositivos com desinfetantes líquidos para as mãos. Não é suficiente descontaminar os utensílios de modo automático, se o meio ambiente continuar contaminado. Assim, com nossas soluções de higiene pretendemos cobrir o processo completo.

Pergunta:Qual é o volume da câmara dos equipamentos MEIKO?

 Daniela Bischler: Nossos equipamentos foram projetados de modo que uma comadre ou três papagaios possam ser tratados simultaneamente. Ao contrário do que acontece na limpeza de instrumentos, o primeiro passo no tratamento mecânico dos utensílios é o esvaziamento. E isto deve ser feito imediatamente após a utilização da comadre, para evitar qualquer risco de contaminação. Só assim se pode excluir o perigo de os excrementos humanos secarem na “fila de espera”, o que iria dificultar a limpeza. Para não mencionar o odor desagradável … A isso deve-se acrescentar o fato de os expurgos terem quase sempre pouco espaço, que é usado preferencialmente para os quartos de pacientes etc.. Deste modo, é vantajoso que os equipamentos de lavagem e de desinfecção sejam compactos e não ocupem muito espaço.

Pergunta: Quais são as normas segundo as quais a MEIKO está certificada como fabricante?

Daniela Bischler: Para os fabricantes de produtos médicos e devido às precauções especiais, existem requisitos específicos previstos na norma EN ISO 13485 e emanados pelo do Comitê Europeu de Normalizações CEN. Estes vão muito além dos requisitos gerais da norma DIN EN ISO 9001:2008. Em conjunto com a norma DIN EN ISO 9001:2008, a EN ISO 13485 define os requisitos para o sistema de gestão da qualidade (SGQ) no que refere a desenvolvimento, produção, assistência ao cliente e montagem de produtos médicos. A EN ISO 13485 integra todas as Boas Práticas de Fabricação (BPF), normalmente aplicadas na fabricação de produtos médicos.

Mas a MEIKO também é uma empresa impulsionada por valores, em cujo foco estão soluções limpas, aliadas à equidade e à sustentabilidade.

 

 

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